Pobreza em Ipojuca contrasta com desenvolvimento de Suape

Antônio Assis
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O crescimento econômico do Complexo Portuário de Suape não refletiu na melhoria da qualidade de vida dos moradores de Ipojuca, um dos municípios onde o Porto fica localizado. Pelo menos, é o que aponta um estudo divulgado nesta segunda-feira (17), pela Universidade Federal de Pernambuco. Intitulado por “Os sinuosos caminhos do desenvolvimento: desigualdade social e pobreza em Ipojuca”, o levantamento afirma que em 2010, a cidade registrou média de analfabetismo de 8,47%, acima do percentual da Região Metropolitana do Recife. Além de ter o segundo menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da RMR. 
A observação sobre o cenário municipal, no período de 2000 a 2010, constatou que o crescimento econômico da cidade não se refletiu na melhoria da qualidade de vida dos moradores. “O acesso ao trabalho formalizado não vem significando melhoria na qualidade de vida na perspectiva da infraestrutura urbana e de políticas públicas. O governo vendeu a ideia do pleno emprego e agora chegou a uma encruzilhada”, explica Thiago Santos. Segundo o pesquisador, ele comparou o Produto Interno Bruto (PIB) do município, com o quanto foi investido em políticas públicas. “Chega-se à conclusão de que as empresas do Complexo Portuário são as grandes beneficiadas por Suape. O PIB, entre 1999 e 2009, cresceu quase sete vezes: foi de R$ 1.051,6 bilhão para R$ 7.082,4 bilhões”, pontuou. 

O pesquisador explica que Ipojuca foi o município com o maior crescimento no setor industrial. “Dos 14 municípios que compõem a RMR, Ipojuca, em 2010, apresentou relativamente o maior peso do setor industrial na composição do seu PIB (31,14%), simultaneamente, caminhou para um aumento populacional rural nos dez primeiros anos”, afirma.A pesquisa também aponta que Ipojuca apresenta a maior população rural ou de área periurbana da Região Metropolitana do Recife. Grande parte dessa população está concentrada em vilarejos, uma herança dos antigos engenhos de cana-de-açúcar, produto que significou, por séculos, o projeto econômico do município. Análise afirma que as desapropriações dos moradores da região onde foi construído o Complexo de Suape, é um dos principais motivos para o fenômeno. “Foram 17 comunidades em conflito aberto com a execução do projeto. Em um segundo momento, a especulação imobiliária e o aumento do custo de vida desencadearam uma reação de ‘êxodo urbano’, de forma que, enquanto a população urbana de Ipojuca cresceu 30% entre 2000 e 2012, a população rural seguiu constante”.

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