Como Não dar uma má notícia

Antônio Assis
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Francisco Ferraz
Política para Políticos
Quando se fala em más notícias, sempre se pensa na pessoa que a recebe. Ninguém gosta de receber uma má notícia. Mas ninguém gosta também de comunicar uma má notícia.
Em geral os que podem fogem dessa responsabilidade. Na política então é difícil imaginar-se situação mais inconfortável do que a de comunicar uma má notícia. O político, em razão da natureza de sua atividade, é um indivíduo tenso, nervoso, ansioso, impaciente, inseguro.
Ele torna-se  irritadiço, revoltado e muito propenso a ações impulsivas e emocionais, quando é forçado a lidar com informações negativas, pessimistas e às vezes desastrosas.
Tanto na vida política como na vida pessoal, a tarefa ingrata de comunicar uma má notícia exige, de quem a comunica, duas qualidades básicas: sensibilidade e noção de “timing”. No “timing” discute-se quando  dizer. Na questão da sensibilidade discute-se como dizer.

Quanto ao timing, deve-se evitar a comunicação da notícia em momentos de festa e de alegria; assim como momentos em que a pessoa está ansiosa, tensa, apressada e impaciente.
Sempre que for possível, deve-se escolher o momento certo para fazer a comunicação. Basicamente este momento é aquele em que a pessoa que vai receber a notícia está em paz, calma, com tempo livre para absorver o golpe. Essa ocasião não deve, entretanto, ser muito protelada, para evitar o risco de que a informação chegue sem preparação à pessoa à qual se destina.
Além disso, incumbe a quem comunica dar o “primeiro combate” à reação emocional de quem recebeu a notícia.
Por primeiro combate se deve entender a disposição para conter os excessos emocionais, as reações impulsivas, e a intenção de reagir de maneira imediata sobre a situação..
Assim, só há um estilo certo de levar uma má notícia:
1.Respeitar o “timing” adequado;
2.Ser verdadeiro sem ser atemorizador;
3.Pré-sensibilizar sem “enrolar”, assustar, ou fazer suspense;
4.Informar com calma, equilibrio, objetividade, evitando sensacionalismo e exacerbação dos ódios e ressentimentos;
5.Tratar a matéria como um “problema”, isto é, um fato negativo, mas que tem solução;
6.Conter e evitar reações passionais e impulsivas.
Transmitir uma má notícia é, pois, sempre uma questão delicada.
Se esses são os requisitos básicos para a forma mais correta de fazer a comunicação da má notícia há, entretanto, vários estilos e formatos que são erroneamente adotados para aquela comunicação. Alguns deles:
O estilo “Hitchcock” – Segue o roteiro do mestre do suspense. A notícia é antecipada por uma introdução que tem o poder de aumentar a curiosidade e a ansiedade, protelando o momento de tocar no assunto, demorando a revelar seu conteúdo e causando o “suspense” até o momento do susto.
O estilo “balde de água fria” – A notícia é comunicada de forma abrupta, sem qualquer preparação. É semelhante a uma edição extraordinária de um telejornal, e haja coração....
O estilo “enrolador” – Neste caso a história é longa, começa sem relação com o fato a ser comunicado, se arrasta, ora se aproximando do assunto ora dele se afastando. É tanta “enrolação” que a pessoa a quem a comunicação deve ser feita pode até mesmo encerrar a conversa por parecer-lhe irrelevante o assunto.
O estilo “protetor” – Os cuidados ao narrar a história, que contém a notícia cercam-se de tantos atenuantes, sua gravidade é minimizada de tal forma que a equivocada conclusão muitas vezes exteriorizada é : “afinal foi melhor que acontecesse”.
O estilo “eu não disse?” – Este formato, além de infeliz, é extremamente antipático. Desloca o centro das atenções de quem vai receber a notícia para quem a transmite. Essa é uma atitude percebida como insensível, inconveniente, grosseira e arrogante.
O estilo catastrófico – É uma combinação do estilo “balde de água fria”, com comentários pessimistas e catastróficos do tipo “estamos perdidos”, “agora não temos mais chances”, “não temos como sair desta”.

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