Os ''órfãos'' de partidos na eleição

Antônio Assis
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Jumariana Oliveira


Daniel Coelho trocou o PSDB pelo PV por causa do apoio dos verdes ao governo. Agora os tucanos se aliam a Eduardo
JC Imagem

A reorganização das forças políticas em Pernambuco colocou contra a parede algumas lideranças da oposição, sobretudo, parlamentares filiados ao PSDB. Com a proximidade dos tucanos e o governador-presidenciável Eduardo Campos (PSB) cada vez mais aparente, a aliança entre os dois partidos foi inevitável.

Com o objetivo de tirar o PT do poder na esfera nacional, as legendas se uniram, o que fez com que os principais nomes da oposição ao governo Campos, a exemplo dos deputados Daniel Coelho, Terezinha Nunes e Betinho Gomes, ficassem desalojados dentro da própria sigla. A situação de constrangimento não ficou restrita aos tucanos. Também no bloco oposicionista, nas três esferas de poder, o vereador Raul Jungmann ficou órfão de legenda, depois que o PPS decidiu apoiar o projeto nacional de Eduardo Campos.

O caso de Daniel Coelho é curioso. Antes de se filiar ao PSDB, o parlamentar integrava as hostes do PV e saiu da legenda porque a sigla decidiu apoiar a gestão estadual. Sem concordar com o decisão, o ex-verde aceitou ingressar no até então maior partido de oposição ao governo, mesmo sabendo da relação cordial entre o PSDB e PSB.

No início da legislatura, em 2011, Daniel era um dos cotados para assumir a liderança da oposição na Assembleia Legislativa, mas o PV aceitou fazer parte do governo – indicando o então presidente estadual Sérgio Xavier para a Secretaria de Meio Ambiente –, e não deu carta branca para o deputado assumir a liderança oposicionista, que ficou com o deputado Antônio Moraes (PSDB).

Mesmo com conflitos internos, o parlamentar continuou na legenda e não poupou críticas ao governo durante o período. Sua permanência durou até setembro de 2011, quando Coelho decidiu ingressar ao PSDB, se tornando a principal voz oposição em Pernambuco. Em 2012, o tucano disputou a eleição municipal contra o candidato do PSB, o atual prefeito Geraldo Julio, e foi bombardeado na reta final da campanha, com o ressurgimento do “caso das notas frias”.

Na primeira semana de janeiro, o parlamentar viu seu partido aderir à base governista com a indicação de Murilo Guerra para compor o primeiro escalão do governo Eduardo Campos, além de Caio Mello para a presidência do Detran.

Apesar do mesmo desfecho do PV, Daniel nega que as situações sejam semelhantes. “O processo é diferente. Esse é um processo conversado, são oito deputados no partido (seis estaduais e dois federais), eu me tornei minoria e tenho que aceitar. Na época do PV, eu era o único deputado do partido e não teve conversa”, afirmou.

Apesar de ter feito uma oposição amena nos dois primeiros anos de mandato, o deputado estadual Betinho Gomes (PSDB) também foi outro que discordou da posição do seu partido, sendo um dos mais revoltados com a recente aliança. Ex-secretário-geral da sigla, o tucano renunciou ao cargo na Executiva estadual, considerado um dos mais relevantes depois da presidência e chegou a declarar que poderá desistir de disputar a reeleição no Legislativo.

Betinho passou a se posicionar de forma mais crítica em relação ao PSB depois que disputou a a Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho e foi derrotado pelo então candidato Vado da Farmácia (PSB). Nos bastidores, a informação é de que o tucano não estaria contando com o reforço de Eduardo Campos na campanha municipal de 2012, o que pode ter sido decisivo no resultado. Com o ingresso da legenda no campo governista, Betinho se mostrou contrariado.

No entanto, o pai de Betinho Gomes, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes (PSDB), já fez inúmeras declarações a favor do PSB, partido que ocupa a vice-prefeitura do município, com Heraldo Selva.

O prefeito Elias Gomes, inclusive, já chegou a dizer que o “melhor nome” para suceder o governador Eduardo Campos é o do socialista Fernando Bezerra Coelho. No entanto, a entrada do PSDB na base governista desagradou o tucano, que soltou nota na semana passada dizendo que poderia seguir rumo diferente do da sua legenda. Nos bastidores, tucanos ligados a Sérgio Guerra, presidente estadual do PSDB, alegam que a postura de Elias está ligada ao fato de ele pleitear a vaga de vice na chapa do PSB.

Como o partido foi contemplado com a Secretaria do Trabalho e a Presidência do Detran, as chances de o PSDB indicar um nome para a majoritária ficaram reduzidas.

Apesar de ter sido uma crítica ferrenha no primeiro mandato de Eduardo Campos, a deputada Terezinha Nunes também ficou contra a parede com a adesão à base governista. No entanto, foi a que mais se conformou com a situação. Terezinha reassumiu ao mandato na Assembleia Legislativa, em 2013, porque um prefeito tucano foi eleito com o apoio de Eduardo Campos e do PSB, mas continuou fazendo oposição ao governador.

Dias depois do anúncio da aliança, Terezinha deu uma entrevista mostrando alinhamento com o PSDB estadual. Ela justificou que a união entre os partido se deve em virtude do rompimento do PSB e PT e chegou a declarar que vai votar no candidato de Campos ao governo estadual.

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