G1 PE
Um impasse envolvendo os vereadores da oposição e o prefeito de São Vicente Férrer, no Agreste de Pernambuco, tem feito com que os moradores da cidade não possam utilizar serviços públicos básicos. Hospitais e postos de saúde estão sem receber pacientes, os remédios estão acabando e a coleta de lixo não é feita há mais de uma semana. A situação foi mostrada em reportagem exibida pelo NETV 2ª Edição desta quinta-feira (9).
Os moradores contam que, devido ao problema, a última vez que o caminhão da coleta de lixo passou pelas ruas do município foi em 31 de dezembro de 2013. O mau cheiro toma conta do centro da cidade e é difícil circular sem encontrar lixos nas vias. Muitas pessoas têm medo que as montanhas de entulho tragam doenças.
Todas as secretarias de São Vicente Férrer estão fechadas com uma faixa estendida na entrada, onde se lê: "Sem orçamento, o município para". A secretaria de Saúde informou que cinco médicos não tiveram os contratos renovados para este ano. Apenas dois profissionais atendem os 16 mil habitantes da cidade e o hospital só funciona duas vezes na semana.
"Nos outros dias da semana, nós não temos atendimento médico, sendo essas pessoas que têm necessidade do serviço médico, sendo encaminhadas para o município mais próximo. Nós disponibilizamos ambulância com motorista e toda equipe de enfermagem, que são efetivos", disse a secretária de Saúde, Tatiana Almeida.
O estoque de medicamentos já está no fim, pois os remédios de 2014 não foram comprados. O município recebeu dois médicos cubanos, mas eles não podem trabalhar, pois os postos de saúde, três na área urbana e três na zona rural, estão fechados.
Para piorar, ainda foi descoberta uma irregularidade no aluguel da garagem da ambulância do Sistema Móvel de Atendimento de Urgência (Samu). A casa está no nome da mãe do prefeito, Maria Izabel Travassos de Albuquerque. Uma professora aposentada, moradora do município, conseguiu, no cartório, a escritura do imóvel.
"Trata-se de um ponto comercial, o valor [do aluguel] é na faixa dos R$ 800, se não estou enganado", ponderou o prefeito Flávio Régis. Perguntado se acha normal o fato de alugar uma garagem da mãe para serviços da prefeitura, ele disse não enxergar problemas: "Se é um serviço essencial, se é um serviço de relevância, não temos porque privar a população pelo fato de o prédio ser de um parente do prefeito".
O prefeito Flávio Régis também pontuou porque solicitou um aumento de R$ 14 milhões no orçamento de 2014. "Eu apelo aos vereadores para que eles aprovem esse crédito orçamentário porque o município está sendo penalizado. Nós estamos sem poder executar os serviços essenciais para a população [...] Até mesmo o pagamento da folha de aposentados está comprometido nesse município", concluiu.