
"Já encontrei unidade prisional aqui na (região) metropolitana com apenas um agente no plantão, universo de dois mil, três mil presos, o que é prejudicial. Expõe (deixa em risco) não apenas a vida do agente, como também da população carcerária, porque pode haver uma fuga em massa", disse Oliveira. "Há uma situação muito pior do que a que gente vê em Pedrinhas. Vou dar um exemplo: o Maranhão tem cinco mil presos para 450 agentes. Pernambuco tem 30 mil presos para 1.250", acrescenta.
De acordo com o sindicalista, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) estabelece que, para cada cinco presos, deve haver um agente penitenciário. "No Maranhão tem 22 presos para cada agente. Em Pernambuco, essa proporção é de 11 para cada agente", afirmou.
Dados da Comissão dos Concursados apontam que 3.900 pessoas foram classificadas inscritas no concurso para agentes em Pernambuco, das quais 1.500 passaram para a segunda fase. Apenas 740 ficaram. Ou seja, 2.400 aprovados aguardam o chamado da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres). O presidente da comissão, Silvio Tadeu, informou que o prazo para chamar os participantes do último concurso seria junho de 2013, mas foi estendido para 2015.
O Pernambuco 247 não conseguiu entrar em contato com a Seres nem com a Secretaria de Administração para comentar as declarações do presidente do Sindasp-PE e as reivindicações dos manifestantes.
Crise no Maranhão
A crise no sistema penitenciário no Complexo de Pedrinhas começou em dezembro passado. De acordo com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – seccional Maranhão (OAB-MA), Mario Macieira, os detentos alegam que passam a ser torturados após a entrada da Força Nacional e da Polícia Militar para fazer a segurança do presídio. Em meio aos recentes tumultos, vários ônibus forma incendiados e delegacias alvejadas. Uma criança de seis anos e um policial militar foram mortos. Outras quatro pessoas sofreram queimaduras. Um PM e uma mulher foram baleados.
A superlotação é um dos principais problemas enfrentados pelos detentos no Complexo de Pedrinhas, que tem 1.770 vagas, porém abriga 2.196 detentos. Em todo o estado do Maranhão, a quantidade de vagas é de 3.421, mas 4.663 presos estão cumprindo penas. Diante da crise, o ministério da Justiça havia informado que, nos últimos dez anos, liberou R$ 52 milhões ao Maranhão para a criação de 1.621 vagas, mas apenas 26% desse total (418) foram criadas.
A Justiça determinou, na última segunda-feira (13), que o governo maranhense construa novas unidades prisionais para suprir o déficit de vagas e reforme o sistema prisional em até 60 dias, apesar de o Executivo daquele estado, governado pro Roseana Sarney (PMDB), ter informado que aplicou R$ 131 milhões na construção de novos presídios. Em caso de descumprimento da decisão, a pena será multa diária de R$ 50 mil, valor a ser revertido ao Fundo de Direitos Difusos.
Pernambuco
Um levantamento feito pelo G1 apontou que Pernambuco possui o segundo maior déficit de vagas no sistema carcerário do País, faltando 19.467 vagas no estado, que só perde para São Paulo, onde o déficit chega a 83 mil vagas. Em nível nacional, o déficit é superior a 200 mil vagas. Enquanto a população carcerária soma 563,7 mil presos, a capacidade do sistema prisional brasileira é de 363,5 mil.
Em Pernambuco, por exemplo, há 10.500 vagas para presidiários, porém o número de detentos chega a 29.967. No caso da penitenciária Rorenilso da Rocha Leão, que fica em Palmares, Zona da Mata Sul pernambucana, o local tem capacidade para abrigar 74 reclusos, mas comporta 741 atualmente.