Pernambuco 247 - O julgamento dos acusados de assassinar o advogado Manoel Mattos teve o início adiado por não alcançar o número mínimo de jurados – estipulados em 15 – para formação de Júri e Suplentes. A nova data para o veredito dos acusados está marcada para o dia 5 de dezembro. O caso é o primeiro do Brasil a ter o julgamento federalizado, devido à suspeita de envolvimento de integrantes da Polícia da Paraíba no caso. Manoel era defensor dos direitos humanos e havia denunciado a atuação de um grupo de extermínio atuante na divisa entre os estados de Pernambuco e Paraíba.
O julgamento, que deveria começar nesta segunda-feira (18), estava previsto para durar três dias e teria o veredito conhecido na próxima quarta-feira (20). Entretanto, dos 25 nomes presentes em uma lista fornecida pelo Tribunal de Justiça da Paraíba para participar do julgamento, sete não foram localizados e outros seis pediram dispensa, alegando problemas de saúde. O número restante, inferior a 15, não seria suficiente para compor o corpo do Júri e a suplência. Apesar do adiamento, o sorteio dos sete jurados, dentre os 25 nomes iniciais, que comporão a mesa já foi realizado. Para evitar que o problema venha a se repetir, o Ministério Público Federal solicitou uma nova lista, para jurados e para suplentes.
Segundo a aposentada Nair Ávila, mãe de Manoel, a federalização do julgamento era necessária devido à provável participação da polícia paraibana no caso. “Apenas com a federalização haveria justiça. Todos sabemos que a polícia estadual estava envolvida, tem um policial entre os réus. No âmbito federal poderemos ter um julgamento imparcial e mais livre”, comentou ao Diário de Pernambuco. Os acusados pelo assassinato são o sargento Flávio Pereira e Cláudio Borges, apontados como mandantes do crime; Sérgio Paulo da Silva e José da Silva Martins, identificados como executores do homicídio e Nilson Borges, que teria fornecido a espingarda calibre 12 usada assassinato. Caso sejam condenados, os acusados podem pegar penas que variam entre 12 e 30 anos de prisão.
Mattos foi assassinado no dia 24 de janeiro de 2009, em Pitimbu (PB),quando passava uns dias com amigos em uma casa de praia. De acordo com as investigações, José Martins e Sérgio da Silva teriam chegado na casa onde Manoel se encontrava e efetuados disparos a queima roupa, enquanto mandavam as outras testemunhas ficarem abaixadas. O advogado havia denunciado atividades de grupos de extermínio na fronteira entre os dois estados, em uma zona conhecida como “Fronteira do Medo”, onde, segundo as denúncias, os grupos atuavam livremente.