Dilma defende ação da Abin e diz que não há comparação com espionagem dos EUA

Antônio Assis
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SÃO PAULO, 6 Nov (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta quarta-feira as atividades da Agência Brasileira de Inteligência, que monitorou diplomatas russos e iranianos em 2003 e 2004, e disse que essas operações não podem ser comparadas às realizadas pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), que espionou cidadãos, autoridades e empresas brasileiras.

Em entrevista ao Grupo RBS, que publica o jornal Zero Hora, Dilma também afirmou que a falta de um pedido de desculpas do governo norte-americano foi um dos fatores que a levaram a adiar a visita de Estado que tinha marcada para o mês passado aos EUA.

"E acho que não pode comparar o que a Abin fez em 2003 e 2004, até porque tem um lado dessa ação da Abin que, segundo eles, era contra inteligência, porque estavam achando que tinham interferências em negócios privados, negócios públicos no Brasil. Foi preventivo. Não levou a nenhuma consequência de espionar ninguém na sua privacidade", disse a presidente, acrescentando que a ação da agência brasileira está "prevista na legislação brasileira".

"No outro caso, não é isso. No outro caso, é um aparato de violação da privacidade, dos direitos humanos e da soberania do país. Algo que não acho correto."

Dilma revelou que seu governo propôs aos EUA um acordo para que fosse mantida a visita de Estado, que incluía um pedido de desculpas e o compromisso de que as atividades de espionagem parariam.

"A questão é a seguinte: eu iria viajar. A discussão que derivou das denúncias nos levou a fazer a seguinte proposta aos EUA: só tem um jeito de a gente resolver esse problema. Eles teriam de se desculpar pelo que aconteceu e dizer que não aconteceria mais. Não foi possível chegar a esse termo", disse a presidente.

Dilma negou que houvesse "interrupção" nas relações entre Brasil e Estados Unidos e disse ainda que uma eventual viagem dela ao país poderia trazer constrangimentos tanto a ela quanto ao presidente norte-americano, Barack Obama.

"O que aconteceria (se eu viajasse)? Eu e o presidente Obama estaríamos submetidos ao constrangimento de uma nova denúncia. E aí o tema que vocês pautariam não seria as nossas realizações. Seriam justamente essas denúncias."

AUMENTO DOS COMBUSTÍVEIS

A presidente também foi questionada sobre a possibilidade de a Petrobras elevar os preços dos combustíveis e voltou a dizer que não recebeu nenhuma proposta neste sentido.

"Isso não é uma pergunta que se faça para presidente da República responder", afirmou. "Não vi, não me deram e eu não me manifestei sobre nenhuma proposta", acrescentou.

(Reportagem de Eduardo Simões)

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