Público e artistas esperam reforma de teatro fechado há vinte anos em Jaboatão

Antônio Assis
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Mariana Fabrício
Diário de Pernambuco


Fechado há vinte anos por falta de manutenção, o Cine Teatro Samuel Campelo, localizado na Praça Nossa Senhora do Rosário, no centro de Jaboatão dos Guararapes, passa por obra que já dura mais de três anos. A demora na conclusão da restauração que teve início em abril de 2011 gera revolta na população da cidade. No início deste ano a verba de R$ 500 mil, que serviriam para a realização do carnaval da cidade, foi destinada para a requalificação do Cine Teatro, mas pouco foi feito. Estudantes e a classe artísticas de Jaboatão cobram através de ofícios e protestos a reabertura do equipamento cultural e denunciam através do Cidadão Repórter, fórum de jornalismo colaborativo do Pernambuco.com.
Fundado em setembro de 1947, o Samuel Campelo realizava eventos de pequeno e médio porte, exibia filmes e peças de teatro. Sua capacidade era para um público de 500 pessoas. Para quem costumava frequentar o local, a cidade e o povo perdem um pouco da sua história e do seu divertimento sem o Teatro. “Lembro bem que ele funcionava todos os dias e aos domingos exibia matinês. A tela era uma das maiores do Brasil, tinha um grande palco por onde passaram artistas como Luiz Gonzaga. O Cine Teatro centralizava toda a diversão de Jaboatão. Até hoje eu não entendo porquê ele fechou e o motivo dessa obra nunca terminar. O que eu sei é que faz muita falta e que a cidade precisa de locais como esse, onde pode-se viver a cultura local”, lembra o aposentado René Montenegro, de 72 anos.

Para o produtor cultural Carlota Pereira, a preocupação é com a falta de atrativos culturais em Jaboatão. “A obra está andando a passos lentos e a situação toda está muito obscura, pois não temos como saber seu andamento. Pelo tempo que está sendo realizada já era para ter sido entregue. Me preocupo com os atrativos culturais que Jaboatão não tem. O Cine Teatro atraía público de Moreno, Curado, então é importante ter um lugar desse para suprir essa demanda”, justifica.



Também é motivo de crítica a liberação da metade da verba destinada para a reforma do prédio pelo Ministério da Cultura. O convênio com a Prefeitura da cidade previa o valor de R$ 1 milhão para reforma, requalificação e readequação do Cine Teatro Samuel Campelo. No entanto, foi repassado apenas 500 mil em 2011. A segunda parte não foi entregue por falta da prestação de contas e envio de relatórios por parte do governo municipal.

Gerson Vicente, presidente do Núcleo Educacionista de Jaboatão, movimento social que acompanha a obra do Samuel Campelo, considera o atraso do envio da verba o principal motivo para o atraso da obra. “O que seria apenas uma reforma se transformou em uma requalificação do prédio, que precisava ser ampliado. Depois de um ano, o projeto foi modificado e todo planejamento refeito. Então foi feito um convênio com o MinC, que daria 1 milhão. Mas o valor todo ainda não foi dado porque a Prefeitura não comprovou o andamento da obra. Então o que sabemos é que parte desse valor foi investido, mas não sabemos de que forma está sendo utilizado”, diz.

De acordo com Gerson Vicente, o Teatro poderia ser utilizado de maneira pedagógica junto às escolas locais. “A juventude de Jaboatão é carente de locais culturais, então a reativação do Cine Teatro seria uma iniciativa de fortalecimento e incentivo da cultura local. Podendo ser utilizado para a realização de oficinas com interação com as escolas estaduais e municipais, atendendo a demanda local”, afirma.

Em nota, a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes informou que a previsão de conclusão é para dezembro deste ano. O órgão ainda esclareceu ainda que não existe pendência em relação a verba repassada pelo Ministério da Cultura.

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