Deputado Natan Donadon se apega a livros religiosos em penitenciária

Antônio Assis
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RANIER BRAGON
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

FOLHA DE SÃO PAULO

Três dias após se entregar a policiais federais em um ponto de ônibus de Brasília, no fim de junho, o deputado federal Natan Donadon (RO) recebeu, no Complexo Penitenciário da Papuda, sua primeira visita no cárcere.
Uma comitiva de funcionários da Câmara tentava notificá-lo do início do processo de cassação de seu mandato.
Editoria de Arte/folhapress
Já sem o terno, a gravata e o broche de metal dourado banhado a ouro que identifica os deputados --seu traje quando se entregou--, ele vestia camisa e bermudas brancas, padrão da penitenciária.
A exatos 17 km do gabinete de 36 m² com computadores, poltronas e TVs que ocupava na Câmara, Donadon ouviu as explicações da notificação por meio de uma pequena abertura que, na sala a que foi conduzido, permitia que se comunicasse com a visita.
Pouco depois, voltou à cela individual de 6 m² com cama, sanitário e chuveiro, na ala apelidada "Cascavel".
O setor abriga internos considerados perigosos, daí o apelido, ou que por algum motivo não podem se misturar. Um congressista preso seria certamente alvo de achaques e agressões, dizem familiares e advogados dele.
"O que aparentemente é uma regalia acaba sendo um castigo maior ainda. Como diz a música do Alceu Valença, 'a solidão é fera/a solidão devora'", diz Cleber Lopes, um dos advogados do empresário Carlos Cachoeira, que passou 266 dias numa cela individual da penitenciária.
A Papuda diz que a cela individual decorre do status de deputado. Status esse que está prestes a ser removido.

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