Foto: Luna Markman / G1
Blog do Magno Martins
É preciso sabedoria para conseguir absorver boas lições de eventos desagradáveis. A capital pernambucana, que até então tinha servido de exemplo com relação às manifestações populares que lotam as ruas do país desde o último mês de junho, sentiu na pele, na quarta-feira, o que as demais cidades vivenciam desde que os milhares decidiram “acordar o gigante” e reivindicar um sistema político menos corrupto e desigual.
Líderes do movimento que vandalizou prédios públicos do Recife e terminou incendiando um ônibus em uma das mais importantes ruas da cidade condenaram a ação, mas afirmaram que o ato só tornou-se real devido à ausência de diálogo por parte dos governos municipal e estadual.
A Prefeitura do Recife e a Câmara de Vereadores tentaram, assim como o Governo do Estado, “empurrar com a barriga” as reivindicações dos estudantes, uma prática que, na era da revolução digital, está fadada ao fracasso.
As ruas clamam por políticas eficientes, justas e de rápida implementação. Esse descrédito, fruto da ineficiência de políticos meia-boca que há décadas ignoram quem os elegeu, incutiu na população um sentimento de indignação que não será apaziguado. Ou se resolve, ou “o pau vai cantar”.
As autoridades pernambucanas creditaram os ataques e a ineficiência da polícia ao fator surpresa. O serviço de inteligência falhou. Pisou na bola por ser prepotente e acreditar que um analgésico curaria um câncer. O resultado desse “rei na barriga” foi sofrido pelo patrimônio público. E ninguém foi preso.
O poder público precisa urgentemente ouvir a linguagem dos que saem às ruas para reivindicar mudanças no atual sistema político. Essa atenção não pode ser seletiva e destinada apenas às grandes manifestações. Não importa se quem fala o faz solo ou em coro; se algo é dito, alguém precisa ouvir.