Vereador tenta emplacar mais uma regalia

Antônio Assis
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Claudia Elói
Diário de Pernambuco
Em um momento em que as manifestações populares pedem por mais austeridade e menos regalias, a Câmara de Vereadores do Recife está prestes a votar uma proposta que vai na contramão do interesse público. O vereador Almir Fernando (PCdoB) apresentou um projeto propondo a criação de, no mínimo, duas vagas internas de estacionamento exclusivas para os vereadores recifenses em todos os órgãos municipais, além de praças e outros equipamentos públicos. A proposta determina, ainda, que as vagas não poderão ser ocupadas por outras pessoas.
A iniciativa de Almir Fernando, inclusive, destoa do pacote ético recentemente aprovado pela Câmara do Recife. Após a pressão popular, os vereadores criaram a corregedoria, a ouvidoria e a tribuna popular, além de determinar o fim do voto secreto para cassação de vereadores, a construção do portal da transparência e a realização de concurso público.

Na justificativa, o vereador se mostra incomodado por ter dificuldades para estacionar nos órgãos e parques públicos municipais. O comunista alega que os vereadores, como representantes do povo e autoridades públicas municipais, necessitam várias vezes se deslocar da Câmara do Recife para os órgãos do município e, em diversas ocasiões, os estacionamentos estão ocupados. “Vamos aos órgãos para resolver os problemas do povo, a exemplo da CTTU e da Emlurb, mas, muitas vezes, não há vagas para estacionar. A gente fica rodando e acaba tendo que parar o carro do lado de fora. Não vou para resolver um problema meu, mas das comunidades”, argumentou.
Antes mesmo de entrar em votação, o projeto já sofre resistência dentro da própria Câmara. O vereador Henrique Leite (PT), relator da matéria, já antecipou que vai opinar pela inconstitucionalidade do projeto. “Um vereador é igual a qualquer cidadão que enfrenta problemas de estacionamento. O cidadão, muitas vezes, vai resolver um problema num órgão público e tem que procurar vaga em outro lugar. Além disso, muitos vereadores têm motorista à disposição e a população não”, disse. A proposta está na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e deve ser apreciado no início de agosto, logo após o recesso parlamentar.

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