A única praça do Conjunto Beira- Mar, no bairro do Janga , em Paulista, é o retrato do abandono. Quem mora nas proximidades ou circula no local percebe logo o descaso. Estrutura pichada, bocas de lobo abertas, mato crescendo e ruas esburacadas no entorno. “ Nem parece que o conjunto é um dos maiores da cidade. È um absurdo como a prefeitura trata seus moradores”, denuncia o leitor Sidcley Alves ao Jornal do Commercio
Fonte: Jornal do Commercio
PODER PARA OS ELEITORES
As manifestações populares trouxeram urgência à longamente debatida reforma política. Vários assuntos estão em foco, como financiamento de campanha, fortalecimento dos partidos, transparência etc.
Um ponto fundamental em qualquer sistema político é o de garantir que os eleitos, de fato, representem os interesses dos seus eleitores.
A experiência de muitos países mostra que, quanto mais próxima do eleitor e passível de cobrança, melhor é a re- presentação parlamentar em todos os níveis. E ela é fun- damental para a aprovação de leis de interesse da comunidade e a boa fiscalização do Executivo.
A prática política de países com democracias consolidadas aponta que um sistema bem-sucedido para assegurar a proximidade com o eleitor e a sua capacidade de fiscalizar seu representante é o distrital puro, em que cada parlamentar é eleito por um determinado distrito com um número limitado de eleitores.
Isso traz enormes benefícios como: 1) o candidato é mais conhecido e mais próximo da comunidade que o elege; 2) a campanha é mais barata, já que o número de eleitores cortejados é bem menor; 3) os eleitores têm capacidade muito maior de acompanhar a atuação do seu representante; 4) será mais fácil aos eleitos prestar contas aos eleitores, já que estarão concentrados geograficamente, e não espalhados pelo Estado de forma muitas vezes errática.
O sistema distrital também pode transformar todas as eleições em escolhas majoritárias, desde que, em cada distrito, seja eleito apenas o mais votado nos níveis federal, estadual ou municipal.
Isso tende a reduzir o número de partidos de forma natural, já que sobreviverão só aqueles com presença majoritária em cada distrito.
E, na medida em que os candidatos disputam eleições entre número menor de eleitores, suas propostas e compromissos pós-eleitorais serão muito mais claros e transparentes.
Nos países com sistema distrital consolidado, um parlamentar que contrarie a linha de conduta preferida de seus eleitores ou a plataforma de seu partido tem muito mais chance de ser punido nas eleições seguintes.
Esse sistema, portanto, aumenta de forma substancial a eficiência e os bons resultados do sistema político, uma vez que a proximidade do eleito com o eleitor garante maior eficácia e transparência em todo o processo.
Isso tudo não é parte da nossa tradição política e cultural, e, portanto, a reforma deve seguir outras direções na tentativa de melhorar o sistema.
É necessário, no entanto, analisar alternativas bem-sucedidas para que possamos aprender não só com os nossos erros, mas com os erros e acertos dos outros.
Fonte: Folha de S.Paulo (por HENRIQUE MEIRELLES)

É PRECISO MUDAR “TUDO”, BEBÊ
Uma pesquisa entre os participantes das passeatas contra a ditadura nos anos 60 se a ideia tivesse ocorrido ao Ibope revelaria que 90% eram universitários, moravam sozinhos e usavam seu próprio aparelho de barbear. Os outros 10% eram secundaristas equivalentes aos que hoje estão no fim do ensino médio, moravam com a família e, embora a penugem em seus rostos fosse imperceptível, recorriam à gilete paterna.
Os universitários tinham em média 21 anos, liam Althusser, Plekhanov e Lukács, e alguns já haviam namorado uma ou outra atriz do cinema novo. Revolução era coisa séria, daí não quererem saber de secundaristas nas passeatas estes seriam imaturos, radicais, estabanados. Bem, a seriedade prevaleceu, mas foi derrotada do mesmo jeito.
Em 2013, a composição das manifestações de rua é outra. É também um movimento de jovens só que muito mais jovens. A maioria parece oriunda do ensino médio, e já pensei ver entre eles recém-saídos do ensino fundamental. É como se, em 1968, os manifestantes fossem os secundaristas e os ginasianos idade em que os objetivos são mais generosos do que práticos. É preciso mudar "tudo", você sabe, e para ontem.
A juvenilização da participação política é um fato, mas, desta vez, está produzindo resultados as bandeiras dos manifestantes, cada vez mais definidas, começam a chacoalhar o Planalto e o Congresso. E, a indicar que essa juvenilização é sem volta, tivemos no domingo último, no Parque do Flamengo, no Rio, o "Ato brincante" a manifestação de centenas de crianças, de zero a dez anos, que, levadas por suas belas e jovens mães, pintaram rostos e cartazes para protestar contra "tudo".
Fizeram bem essas mães. Precisamos mesmo preparar os bebês. Ao ritmo atual, em dez anos ou menos, será a vez deles saírem às ruas, e para valer.
Folha de S.Paulo