Marcílio Albuquerque
Folha-PE
Na contramão do que determinou o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-PE), os rodoviários voltaram a cruzar os braços, nesta quarta-feira (03), gerando muita dor de cabeça para quem tenta se locomover pela Região Metropolitana do Recife. No Terminal Integrado Pelópidas Silveira, em Paulista, o clima é de insatisfação e revolta por parte dos usuários. As bilheterias foram fechadas e a população foi impedida de entrar no terminal. Os passageiros que chegavam, oriundos dos bairros mais próximos, eram obrigados a desembarcar no lado de fora, o que gerou queixas e ainda um princípio de tumulto.
“Acho um absurdo este tipo de ação, estou aqui há mais de uma hora e até agora nenhum ônibus. Preciso ir trabalhar e estou prejudicada. Eles avisaram que iriam terminar a greve e mesmo assim resolvem parar. É uma falta de respeito”, criticou a operadora de telemarketing, Miscilene Pereira, de 23 anos. Ela aguardava o coletivo para se deslocar até o bairro de Santo Amaro, no Recife.
A Polícia Militar foi acionada para tentar conter algumas pessoas mais exaltadas, que protestavam contra a paralisação e tentaram quebrar as vidraças existentes na portaria do TI. “Não há ninguém para dar qualquer tipo de informação, existem vários motoristas e cobradores sentados, ônibus parados no estacionamento e mesmo assim a população sofrendo”, reclamou Antônio César Monteiro, de 42 anos.
Do lado de fora, kombis, vans e até carros particulares ofereciam o transporte alternativo para os passageiros, com destino aos bairros de Maranguape I e II, Janga e Maria Farinha. O valor cobrado, como de costume em dias de paralisação, era superior ao praticado pelos ônibus. “Não resta opção para nós, não podemos ficar na rua. Somos obrigados a usar este "transporte pirata" para conseguir chegar em casa”, disse a dona de casa Ana Paula Bezerra, de 38 anos.
A Justiça considerou abusivo o movimento de paralisação dos motoristas, cobradores e fiscais de tráfego e determinou o imediato retorno às atividades. Houve um aparente cenário de normalidade no início da manhã, o que pouco tempo depois foi desfeito. No Recife, vários ônibus se enfileiraram nas avenidas Cruz Cabugá e Conde da Boa Vista, nos terminais da Macaxeira e do Barro e ainda em cima do viaduto da Joana Bezerra. O movimento grevista declarou que só retornará as atividades caso o Governo do Estado aceite debater a pauta de reivindicações com a oposição ao sindicato.