Roberval Sobrinh
JC Online
Sérgio Guerra vai tentar dar um "freio de arrumação" no partido
Michele Souza/JC Imagem
O clima dentro do PSDB pernambucano azedou de vez com a publicação, ontem, de uma nota assinada pelos deputados estaduais tucanos Daniel Coelho, Terezinha Nunes e Betinho Gomes, na qual rebatem energicamente as declarações do correligionário e secretário da Criança e Juventude do Estado, ex-deputado Pedro Eurico.
A situação chegou ao ponto de o presidente estadual do partido, deputado federal Sérgio Guerra, marcar uma reunião com a bancada, prevista para acontecer nos próximos dias, na tentativa de dar um “freio de arrumação” nos ânimos exaltados.
O motivo da briga no tucanato começou depois que os três deputados, que fazem oposição ao governador Eduardo Campos (PSB), denunciaram um sistema de “rodízio de aulas” numa escola estadual em Santa Maria da Boa Vista, Sertão, por conta da falta de estrutura. O secretário Pedro Eurico saiu em defesa do governo e tachou os colegas de partido de “mesquinhos” e “sem criatividade”.
A reação dos parlamentares veio em nota, onde afirmam que “a ira do governo contra a pequena bancada de oposição na Alepe (Assembleia Legislativa) chegou ao seu ponto mais lacônico, ao escalar Pedro Eurico para agir como leão de chácara, agredindo a este pequeno grupo que insiste em debater os problemas do Estado”.
“Pedro Eurico, arraesista histórico que traiu Arraes, jarbista de carteirinha que traiu Jarbas e líder da oposição na Alepe no governo de Eduardo que traiu a oposição e foi pro governo. Ele tem um histórico que simboliza a revolta dos donos do poder em perceber que nem todo mundo é igual a Pedro Eurico”, pontua o texto.
Os deputados chamam atenção para o fato de “eles (o governo) parecem ter esquecido de que na democracia é permitido discordar” e seguem criticando ao afirmarem que “eles pensam serem donos da verdade absoluta. Se for veículo de comunicação que faz a crítica eles ficam com raiva, se for servidor, perseguem, se for manifestante mandam prender, se for deputado ficam confusos e escalam Pedro Eurico”, ataca a nota.
O tom ácido nas críticas ao governo é mais evidente quando os deputados tucanos afirmam que “eles se acostumaram com a velha política dos coronéis, onde é só dar meia dúzia de vantagens e comprar o silêncio de todos. Quando isso não funciona, usam outra tática dos coronéis: tentam através da intimidação e da truculência calar as vozes que ousam discordar”, e finalizam dando mais uma estocada no secretário: “Estamos na oposição porque somos diferentes de Pedro Eurico”.
A resposta do secretário veio logo em seguida. Através de sua assessoria, Eurico disse não estranhar “que na falta de um discurso de oposição, essa trupe use a truculência verborrágica para me atacar pessoalmente. Isso só reflete o despreparo de quem parte para o ataque pessoal, ao invés de discutir propostas e executar o papel da oposição, essencial em qualquer regime democrático”, disse o secretário.
Eurico afirma ainda que a “trupe adora criticar, mas detesta ser criticada”. “A crítica, a verdadeira, não se constrói com tentativa de desqualificação pessoal, mas com argumentos”, argumenta.
O tucano governista acredita que “a resposta irada deste trio às minhas considerações só revela o desespero de quem faz oposição sem propósitos, o que é o caso deste ingênuo grupo. A eles, não responderei com ataques pessoais, porque minha educação doméstica não permite. Responderei com mais trabalho”. Ele se diz honrado em participar do governo Eduardo e garante que não criticou os deputados em nome de ninguém. Salienta que é livre para expressar suas ideias e cita Dom Helder Camara: “feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo”.