Cemit fará pesquisa inédita para identificar tubarões

Antônio Assis
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PE247 - O Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) começará, nos próximos dias, uma pesquisa inédita com o objetivo de identificar os tubarões responsáveis pelos ataques nas praias do Grande Recife. Serão lançados no mar sete bonecos de salvatagem com chips acoplados nos braços para que sofram ataques e, assim, tornar possível a identificação as respectivas mordidas e espécies envolvidas. O estudo será liderado pela professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e presidente do Cemit, Rosângela Lessa, e os resultados do levantamento devem ser apresentados em um ano. Dos 59 ataques de tubarões no litoral da região metropolitana desde 1992, que resultaram em 24 mortes, apenas em oito casos foi possível identificar a espécie responsável pelas ocorrências. 

De acordo com o Cemit, muitas vezes, os corpos não são resgatados imediatamente após um ataque e chegam às proximidades da costa quando são levados pelo mar. "O cadáver, quando fica no mar, perdido, só reaparece dias depois, cheio de marcas de outras interações com vários tipos de animais. Isso dificulta o diagnóstico de causa da morte", declarou Rosângela. Os testes serão feitos nos 30 quilômetros de costa, entre as praias do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, sul do Grande Recife, e Marinha Farinha, em Paulista, norte da região metropolitana, consideradas como área de risco.

O início da pesquisa se dará depois de alguns dias da jovem paulista de 18 anos, Bruna Gobbi, ter sido ser atacada por um tubarão na Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Mesmo após ter sido alertado pelos bombeiros sobre os riscos de afogamento por conta da correnteza e de haver uma placa a cerca de 100 metros do local do incidente alertando acerca da possibilidade de ataques de tubarões, a turista ultrapassou os arrecifes e foi arrastada pela corrente marinha. Quando encontrava-se a cerca de 20 metros da costa, e os bombeiros já se aproximavam para evitar o afogamento, a jovem foi atacada  por um tubarão. Ela veio a falecer poucas horas após o incidente.

As pesquisas do Projeto de Pesquisa e Monitoramento de Tubarões na Costa do Estado de Pernambuco (Protuba) eram as navegações realizadas pelo barco Sinuelo, desde 2004, ano em que o Cemit foi criado. O Sinuelo retomou os trabalhos nesta sexta-feira (26) depois de ter suas atividades suspensas parado desde dezembro do ano passado, uma vez que a verba de R$ 1,8 milhão demorou a ser liberada. Agora, os recursos também serão investidos na nova linha de pesquisa do Cemit.

"É uma inovação. Em havendo a mordida, vai ficar a impressão lá. Vamos ter, a partir do estudo, uma noção exata do número de espécies que participam do processo. Saberemos a espécie que atacou pela fórmula dentária, espaçamento entre os dentes e tamanho da boca", afirmou Rosângela, em entrevista ao Jornal do Commercio. "Não podemos mais esperar que o corpo seja devolvido pelo mar. Vamos lançar os bonecos de salvatagem para estudar o comportamento, fazer a validação e passar a ir atrás", acrescentou.

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