Mulher reclama que Oswaldo Cruz não dispõe de substância para quimioterapia

Antônio Assis
0
Rodrigo Passos
Folha-PE


Não bastasse a dor de ter câncer de mama, com todas as dificuldades e limitações impostas pela doença, Irinete da Silva Medeiros Furtado, 45 anos, também convive com a impossibilidade de dar continuidade ao seu tratamento. Há um ano e seis meses ela descobriu que estava com a enfermidade no seio do lado esquerdo e precisou passar por todas as etapas de tratamento, como a quimioterapia, radioterapia e mastectomia (retirada completa da mama). Mas, antes mesmo de poder comemorar o alívio da retirada do tumor, mais um baque. Irinete descobriu que o câncer havia tomado também o lado direito do peito, dessa vez, de forma mais incisiva.
Seguindo a metodologia do tratamento, a paciente precisaria iniciar as sessões de quimioterapia, que seriam realizadas no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc). A quimioterapia é realizada para matar as células malignas para, posteriormente, a paciente passar por cirurgia e retirada da mama direita. Desde a última sexta-feira, a sessão deveria ser iniciada e ontem seria o dia da segunda sessão. Acontece que o drama de Irinete e de tantas outras pessoas que são portadoras da doença, tornou-se ainda maior porque a unidade de saúde não contava com a droga utilizada para essa ação. O nome da substância é Taxol. 

De acordo com a assessoria de Imprensa da Universidade de Pernambuco (UPE), a droga em questão chegará à unidade na próxima terça-feira. “Eles me falaram que vão me chamar na quinta-feira para poder aplicar a dosagem”, afirmou Irinete. Ela passará por três sessões nas quintas-feiras, descansará uma quinta e iniciará mais uma sessão de três dias. 

Acontece que cada dia perdido de tratamento, é um dia a mais para a doença ganhar força. “A cada dia que se passa para mim, de falta de medicação, eu vejo como um dia a me­nos de chance de lutar para ficar boa. Sendo que cada um deles é sagrado”, desabafou Irinete, sobre o atraso no início das sessões de quimioterapia.

 “Desde a primeira mama que viram que eu tinha metástase no pulmão e nos ossos. O médico achou que era próximo da área cirúrgica e deduziu que seria uma inflamação da cirurgia”, relatou. Somente seis meses depois, em um novo exame e depois de muita desconfiança da paciente foi constatado que o tumor havia afetado outras áreas do corpo de Irinete. De acordo com a paciente, nesse período de um ano e seis meses em que passou entre hospital e casa, ela percebeu a falta de humanização nos tratamentos.

Diante das dificuldades, a paciente revela muita fé e esperança em ficar boa. Enquanto a equipe de reportagem da Folha de Pernambuco já se encontrava na porta da sua residência, ela fez mais um pedido. “Veja se vocês me ajudam para que quando eu ficar boa, uma pessoa possa me ajudar a ficar bonita de novo”, disse, sorrindo.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)