Amanda Seabra
Depois de afastar a promotora Belize Câmara, na semana passada, o procurador-geral do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Agnaldo Fenelon, anunciou ontem o nome de Ricardo Coelho para assumir a Promotoria do Meio Ambiente da Capital. Porém, a novidade foi ofuscada diante de um protesto realizado por cerca de 100 pessoas em frente à sede do MPPE contra o afastamento da promotora Belize, que passou a atuar somente na Promotoria da Infância e Juventude de Jaboatão dos Guararapes. A polêmica em torno do nome de Belize se deu devido à postura adotada pela promotora em relação ao projeto Novo Recife.
A proximidade entre a derrota judicial do empreendimento que visa construir 12 torres no Cais José Estelita e o afastamento da promotora gerou a desconfiança entre aqueles que discordam do projeto e que acabaram se voltando contra o MPPE. A pressão foi tanta que, depois de receber uma comissão dos manifestantes, Fenelon acabou se comprometendo em rever o seu posicionamento com relação à promotora afastada e marcou uma nova reunião com o grupo para a próxima terça-feira, às 15h. “Quando o procurador afastou Belize ele cortou nossos braços, ele nos tirou a única pessoa que, dentro desse processo que envolve tantos poderosos, conseguia manter um certo equilíbrio na situação. Nós colocamos nossos argumentos e no fim ele disse que falaria com o Conselho e que nos passaria sua posição final na próxima semana”, contou o vereador Raul Jungmann, que participou do protesto.
Procurado pela reportagem, o novo promotor de Meio Ambiente, Ricardo Coelho, fez questão de ressaltar a competência da sua antecessora e se disse honrado em assumir o trabalho dela. “Eu quero dar continuidade da forma mais fiel possível ao trabalho de uma das melhores promotoras do Brasil, ela (Belize) é muito competente e eu fico envaidecido de poder continuar o seu trabalho”, elogiou. O promotor também lembrou que essa não é a primeira vez que ele assume a Promotoria de Meio Ambiente. “Eu estive à frente da Promotoria entre 2005 e 2010 e me afastei para assumir a coordenação estadual da Promotoria de Meio Ambiente”, revelou.
Coelho contou ainda que o MPPE decidiu manter nas mãos da promotora Belize Câmara as ações iniciadas por ela. “Ela vai terminar tudo o que começou, eu apenas assumo o que for iniciado a partir de agora”, acrescentou. Questionado sobre que postura deverá adotar com relação ao projeto do Novo Recife, o promotor se limitou a dizer que vai cumprir o que defende o direito ambiental, ou seja, o “desenvolvimento aliado à sustentabilidade”.
CAOP
O afastamento de Belize Câmara acabou gerando um ato de protesto dentro do próprio Ministério Público. Ontem, veio a público a informação de que o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Meio Ambiente (CAOP), André Silvani, entregou o cargo por não aceitar as explicações dadas pela entidade para afastar a promotora. “O CAOP vinha respaldando, apoiando e subsidiando tecnicamente as ações da promotora”, cravou.