BRASÍLIA (AE) - Na cerimônia de posse dos três novos ministros da Agricultura, da Aviação Civil e do Trabalho, dois do PMDB e um do PDT, a presidente Dilma Rousseff fez uma forte defesa da coalizão dos partidos para garantir a governabilidade e cobrou lealdade da base, em recado indireto ao governador Eduardo Campos (PSB). As declarações da presidente foram feitas para responder às críticas da oposição de que as mudanças nos ministérios levaram em conta apenas o reforço para o seu palanque à reeleição em 2014. Também demonstram uma mudança na sua postura em relação ao início do mandato quando avisou que não fazia política de toma-lá-dá-cá. Ela negou ter sido forçada a atender exigências de aliados.
“Muitas vezes algumas pessoas acreditam que a coalizão é algo do ponto de vista político incorreto”, reagiu a presidente, justificando que “nós estamos assistindo em alguns lugares do mundo um processo de deterioração da governabilidade, justamente pela incapacidade de construir coalizões”. Depois de citar problemas enfrentados pela Itália e Estados Unidos, por falta de apoio partidário, Dilma afirmou que “é crucial” para o Brasil, país com muitas adversidades, ter um governo de coalizão. “Aprendi que em uma coalizão você tem de valorizar as pessoas que contigo estão”, comentou.
Em um recado indireto a Eduardo Campos, que ensaia voo próprio para 2014, a presidente, após elogiar os que a apoiam, falou do valor da lealdade. “Governar, necessariamente, é escolher entre várias alternativas e por isso aprendi muito sobre o valor da lealdade entre aqueles que desenvolvem com a gente a tarefa de governar”, disse Dilma. Em encontro com empresários paulistas na última quinta-feira, Campos, que foi ministro do Governo Lula e trabalhou pela eleição de Dilma, criticou o atual governo se oferecendo como opção ao Planalto e afirmando que “dá para fazer muito mais do que a Dilma”.
Ao defender a necessidade de um governo de coalizão, Dilma deu mais um recado a Campos. “Não acredito que este país possa ser dirigido, sem essa visão de compartilhamento e de coalizão e agradeço ter tido pessoas que compartilharam este processo comigo e que agora, se separam de nós, do governo, mas não separam do projeto nem da trajetória de grupo”. Embora ressalvando que estava se referindo aos três ministros que deixavam o Governo, Dilma elogiou “pessoas que muitas vezes abriram mão de interesses pessoais e até de interesses políticos, em defesa dos direitos dos brasileiros, pela concretização de suas esperanças e de um projeto que acreditam de forma substantiva”, citando que foram pessoas de quem recebeu “apoio, engajamento e lealdade”.