Sonho de ensinar leva jovem a 1o lugar da UFPE

Antônio Assis
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Júlia Veras
Folha-PE


Em um País em que as turmas de cursinhos para concursos públicos engordam diariamente, e que a deficiência de professores na área das Ciências Exatas deixa salas de aulas vazias, não há como não olhar com atenção para o primeiro lugar geral do vestibular 2013 da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Rodrigo Felipe Tavares Bezerra Mendes, 25 anos, formado em Direito pela própria UFPE, servidor concursado do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), se deu conta que a área jurídica não o faria feliz. Voltou aos estudos para fazer um novo vestibular, desta vez para Matemática, e garantiu o primeiro lugar geral da instituição, com nota 8,6613.
“Quero a minha realização. Vejo muitas pessoas que fizeram Direito, mas não têm a menor vocação, que não são felizes com o que fazem. Sempre achei que queria ser juiz federal, mas vi que não é o meu caminho. Meu sonho é ser professor, e, de preferência, de cursinho. Gosto bastante do clima do período pré-vestibular. Acho que há um mito em relação a profissões como Direito e Medicina. Passamos, pelo menos, um terço das nossas vidas no trabalho. Então, que ele nos faça felizes”, declarou Rodrigo Felipe.

Com a tranquilidade de quem não deixou de fazer nada do que gosta e dedicou-se, ao longo do ano passado, a uma pós-graduação em Direito Público, academia e saídas com os amigos, ele contou que teve a sorte de ter uma boa base nos estudos, que ele fez na Escola Militar. “Ano passado, fiz apenas um cursinho de Química, mas minha ideia era estudar em casa mesmo. Claro, a experiência dos concursos conta muito, e a prova do Enem tem a vantagem de ser bastante intuitiva”, revelou.


A mãe dele, claro, derrama-se em elogios. A enfermeira Cláudia Mendes não cansa de enumerar os bons resultados que o filho coleciona desde adolescente. “Em 2005, ele foi primeiro lugar geral da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), terceiro geral da Universidade de Pernambuco (UPE) e terceiro lugar geral da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman)”.


O curso de Medicina, que geralmente abocanha os primeiros lugares, não apareceu nas três primeiras colocações, mas garantiu presença do 5º ao 10º lugar. Direito, outro curso tradicional, não figurou entre os dez primeiros. O reitor da UFPE, Anísio Brasileiro, ressaltou a importância do primeiro lugar ser de uma Ciência Exata. “O Brasil precisa investir nessa área caso queira crescer”, sugeriu.


Assim como Rodrigo, o segundo lugar geral também é um veterano em busca de realização profissional. Com nota 8,3343, Carlos André de Souza Reis, 26 anos, já chegou a se matricular em Engenharia da Computação na própria UFPE e não se identificou. Resolveu fazer Medicina na universidade, na qual se formaria este ano. “Mas durante o internato vi que o cotidiano não era para mim”. Agora, pretende cursar Engenharia Naval. “Soube que é um curso que está em alta, acho que vou conseguir me encontrar”, acredita. O terceiro lugar, Victor Oliveira Reis, passou para Engenharia da Computação, com 8,2623. 


Quando, às 15h de ontem, os portões da sede da Comissão de Vestibular (Covest) foram abertos, os candidatos que fizeram questão de conferir o resultado pessoalmente protagonizaram o já esperado cená­rio de felicidade, lágrimas, cabelos pelo chão e algumas decepções

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