Por 2014, direção do PSB pode intervir em Minas

Antônio Assis
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PE247 – O PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, poderá intervir no diretório da legenda em Minas Gerais, terceiro maior colégio eleitoral do país e determinante para o projeto presidencial do socialista, caso ele decida se candidatar a presidente em 2014. O fato é que o dirigente da sigla em Minas, Walfrido dos Mares Guia, defendeu a aliança do seu partido com o PT, enquanto que o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), foi a favor da aliança com o PSDB nas eleições municipais do ano passado. A intervenção, portanto, seria uma maneira de evitar um possível desgaste interno no PSB.

De acordo com os cálculos dos socialistas, caso o partido apoiasse o PT, perderia a prefeitura e elegeria um número menor de vereadores, caindo de quatro para dois. Já os petistas aumentariam de cinco para dez a quantidade de parlamentares municipais. O afastamento com o Partido dos Trabalhadores fez os socialistas elegerem seis vereadores – eram quatro – e o PT manteve cinco.

A preocupação do PSB é que Mares Guia foi ministro do Turismo e das Relações Institucionais do ex-presidente Lula (PT), reforçando a sua influência entre petistas e socialistas. O prefeito Márcio Lacerda, por sua vez, é muito próximo a Ciro Gomes, ex-governador do Ceará, que é contra a candidatura de Eduardo Campos à Presidência em 2014.

O PSB, em tese, encontra-se em uma "saia justa". Tanto é que a permanência de Mares Guia no partido já é contestada, pois, conforme o jornal Valor Econômico, setores da legenda afirmam que ele é mais "lulista" do que pessebista e pode atuar contra a candidatura de Campos à Presidência. Além disso, coordenou a campanha de Eduardo Azeredo, réu do 'mensalão' mineiro, ao governo de Minas Gerais em 1998, fato que pode desgastar a imagem do governador pernambucano.

Na próxima semana, Mares Guia terá uma conversa com a direção nacional do PSB. Se Campos for candidato, o dirigente poderá ser uma "ponte" entre o governador e a presidente Dilma Rousseff, no sentido de concretizar pactos de não agressão. Caso o gestor não saia candidato, Mares Guia também teria um papel importante na medida em que defenderia a composição de uma chapa entre Dilma e Campos, com o socialista na vice.

A saída de Mares Guia do PSB seria melhor para o partido do que um rompimento com o PT, pois poderia fragilizar a imagem de Campos junto aos petistas. Por outro lado, a desfiliação do PSB agradaria a Márcio Lacerda, que é próximo ao pré-candidato a presidente, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) – não é à toa que apoiou os tucanos no pleito municipal de 2012. De qualquer maneira, Campos, aparentemente, evita resolver o "impasse" com o chefe do Executivo municipal mineiro.

Ainda não se sabe com exatidão quais serão os interlocutores do PSB para que se evite um desgaste interno na legenda. O deputado federal e candidato a presidente da Câmara Federal, no início deste mês, Júlio Delgado, poderá entrar no jogo. Resta saber como o PSB vai administrar as dissidências internas, algo que, no Recife, por exemplo, resultou na crise política da história do PT recifense no primeiro semestre do ano passado. E, embora o pleito presidencial será apenas no ano que vem, quer queira, quer não queira, as eleições já começaram.

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