Não pode, por exemplo, um grupelho de furiosos militantes pró-Cubaperseguir a moça onde quer que ela vá, puxar seus cabelos, esfregarnotas falsas de dólar na sua cara, impedí-la de participar de debates,de exibir um filme e até de dar autógrafos, como aconteceu na noitedesta quinta-feira numa livraria aqui em São Paulo.
Yoani Sánchez tem todo o direito de falar o que quiser e quem nãoestiver de acordo que a conteste nos debates ou nas redes sociais. O que não pode é impedí-la de expressar o que pensa e impedir a sua livre circulação pelo país.
Pode Yoani ter ido além das chinelas, ao cobrar, por exemplo, emdebate promovido sugestivamente no "Estadão", mais "dureza oufranqueza" do governo brasileiro na defesa dos direitos humanos emCuba, como se um país pudesse dizer a outro o que deve ou não fazer.
A simples presença de Yoani Sánchez no Brasil, primeiro país visitado em sua volta ao mundo, deveria ser festejada como um sinal de abertura do regime cubano -- uma abertura lenta, gradual e segura, como aquela que tivemos aqui na ditadura brasileira, patrocinada pelo general Ernesto Geisel, no final da década de 1970.
BLOG DE RICARDO KOTSCHO