Em Paulista, ambulantes querem novo espaço

Antônio Assis
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Camila Lindosa
Folha-PE

Pneus queimados e muita fumaça marcaram o protesto de aproximadamente 100 ambulantes do município de Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR), na manhã de ontem. Por volta das 8h, os comerciantes informais que foram retirados do centro da cidade no início do ano paralisaram o fluxo das duas vias da PE-15, na altura da Faculdade Joaquim Nabuco, deixando apenas o acesso lateral, sentido Abreu e Lima, livre para os veículos.

Os manifestantes pediram à Prefeitura que cumprisse a promessa de realocá-los para um novo espaço de comércio. A interdição seguiu até as 10h, quando o Corpo de Bombeiros controlou as chamas e equipes do 17º Batalhão de Polícia Militar (BPM) chegaram ao local para dispersar os manifestantes. O fluxo de veículos não foi totalmente prejudicado e agentes do Batalhão de Polícia Rodoviária Estadual (BPRv) liberaram a via aos poucos, facilitando a circulação ao permitir o acesso dos condutores ao corredor exclusivo de ônibus.

Conforme Cleiton Araújo, integrante do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores do Comércio Informal de Paulista (Sintraci), cerca de 160 ambulantes foram retirados do centro no dia 18 de janeiro sem que um novo local fosse oferecido a eles. “Recebemos a notificação da Prefeitura informando o prazo que tínhamos para nos retirarmos no começo do ano. Muitos de nós saímos antes mesmo da data. Mas o acordo foi que seríamos realocados para outro lugar, o que não ocorreu”, informou. Segundo ele, os comerciantes chegaram a pedir à gestão municipal, por meio de ofícios, a transferência temporária para algumas das ruas da área central. No entanto, a solução não foi acatada.

O ambulante José Alves dos Santos, 61 anos, que há 14 trabalha no ramo, foi um dos manifestantes. “Eu tinha uma banca própria, cadastrada pela própria Prefeitura de Paulista, inclusive. Mesmo assim fui retirado de lá. Agora não tenho onde trabalhar”, disse. O ambulante Roberto José da Paz, 45 anos, comerciante informal há 21, sustenta a esposa e três filhos com o dinheiro que tira do trabalho. Ele também participou do protesto e afirmou que suas contas estão todas atrasadas. “Está tudo sem pagar. O aluguel, a conta de água, de luz... Não tenho onde trabalhar. E eles também não deixam a gente comercializar no local de novo”, disse, emocionado.

De acordo com o secretário de Assuntos Jurídicos de Paulista, Francisco Padilha, um espaço para realocar os comerciantes está sendo acordado. Na próxima sexta-feira, às 11h, uma nova reunião será feita para informar se espaço está realmente garantido. Também na ocasião será discutida a possibilidade, ou não, de distribuir, temporariamente, os trabalhadores em alguns pontos do centro. “Eles pediram que isso fosse feito. Vamos analisar essa possibilidade para verificarmos o possível lugar para essa ação”, disse Francisco Padilha. Segundo ele, a ação de retirada dos comerciantes fez parte do projeto “Paulista Cidade Saudável”, que visa reordenar o comércio informal no centro do município.

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