Com petistas e tucanos em campanha, Eduardo Campos já começa a buscar palanques

Antônio Assis
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JOÃO DOMINGOS, FELIPE RECONDO - O Estado de S.Paulo


BRASÍLIA - Governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos apressou a busca por palanques estaduais a fim de dar sustentação a uma possível candidatura sua à Presidência da República em 2014. Eliana Calmon, ex-corregedora nacional de Justiça e ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), já foi procurada e recebeu a proposta de ingressar no PSB com duas alternativas políticas: disputar o governo da Bahia ou uma cadeira do Senado. 

A Bahia é o quarto colégio eleitoral do País, atrás de São Paulo, Minas e Rio, com 10,1 milhões de eleitores. Lá Dilma Rousseff obteve 70% dos votos na eleição de 2010. Eliana Calmon não deu ainda uma resposta, mas aliados da ministra admitem, nos bastidores, que ela está tentada a aceitar a oferta. Quando corregedora, Calmon negou a intenção de concorrer a algum mandato.

Caso obtenha êxito no eleitorado baiano, Campos poderá medir forças com o governador Jaques Wagner (PT), que saiu da eleição municipal chamuscado pela derrota para ACM Neto na capital, Salvador. Wagner sonha ser candidato à Presidência em 2018, ano em que Campos certamente estará no páreo, independentemente dos passos que o pernambucano dê em 2014. 

Segundo avaliação de Campos, verbalizada por um emissário que procurou Eliana Calmon, ela poderia ser uma alternativa pós-carlismo e pós-PT na Bahia. A magistrada chegou ao STJ apadrinhada pelo então senador Antonio Carlos Magalhães (DEM) e é amiga pessoal de Wagner. Mas alçou voo próprio e ganhou notoriedade com um discurso anticorrupção quando comandou a corregedoria do CNJ. Usou os termos "bandidos de toga" e "vagabundos" ao se referir a colegas suspeitos de corrupção.

O PSB nacional aposta no espaço para o surgimento de um novo nome na Bahia, uma espécie de surpresa capaz de agradar a diferentes setores do eleitorado e dar mais força ao partido no Nordeste numa eventual disputa com o PT. A ideia da direção do PSB é lançar os seis governadores à reeleição e número igual ou maior de candidatos viáveis em outros Estados em 2014. 

Ausente na festa de comemoração dos 33 anos do PT e dez à frente do governo federal, realizada anteontem em São Paulo, Campos tem aproveitado o tempo de que dispõe para trabalhar o fortalecimento do PSB, o partido que mais cresceu nas eleições municipais do ano passado. Na festa petista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou a candidatura de Dilma à reeleição. No mesmo dia, Aécio Neves (PSDB-MG) fez um discurso antigoverno na tribuna do Senado, assinalando sua disposição de disputar o Palácio do Planalto no ano que vem.

Cobrado por Dilma há pouco mais de um mês sobre o apoio à sua reeleição, Campos respondeu que preferia não discutir ainda a sucessão de 2014. Mas prometeu fidelidade do PSB a Dilma ao longo deste ano.

Mais palanques. A movimentação do presidente do PSB é intensa. Por ora candidato ao Senado, o líder do partido na Câmara, Beto Albuquerque, pode ser levado a concorrer ao governo do Rio Grande do Sul em nome do projeto nacional do partido. Campos já conversou com o senador Pedro Taques (PDT) sobre uma possível candidatura ao governo de Mato Grosso no ano que vem, em dobradinha com o PSB. Há ainda a possibilidade de o PSB apoiar José Riva, do PSD de Gilberto Kassab, se Taques recusar o acordo. 

Em Brasília, o partido do governador de Pernambuco já rompeu a aliança com o PT. Com isso, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB) deverá ser candidato à sucessão do governador Agnelo Queiroz (PT). E, assim como no Mato Grosso, o PSB quer atrair o PDT para sua aliança. A ideia já discutida entre Rollemberg e Campos é oferecer a vaga de senador para José Antonio Reguffe, o deputado mais votado do Distrito Federal. A ex-ministra Marina Silva também já fez acenos a Reguffe, mas a tendência dele é ficar ao lado de Rollemberg e do governador de Pernambuco.

Se em São Paulo o PSB ainda não tem uma clara noção das alianças que fará, no Rio Campos se move, neste momento, em direção ao senador Lindbergh Farias, do PT. Mas esse apoio só ocorre se o governador de Pernambuco desistir de disputar a eleição em 2014, adiando suas pretensões para 2018. Aí, segundo integrantes do partido, ele poderia contar com a ajuda de Lindbergh para ser o cabeça de chapa no lugar de um petista, o que já vem sendo defendido por Lula, pelo governador de Sergipe, Marcelo Déda, e pelo ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência.

Déda acha que o PT deve procurar Campos para saber o que ele pretende e propor, francamente, que ele deixe de lado as pretensões relativas a 2014 e se dedique a 2018. Se a conversa não for favorável, Déda tende a buscar um nome dentro do PT para disputar sua sucessão com o senador Antonio Carlos Valadares (PSB). Próximo de Campos, Valadares será candidato se o presidente do PSB decidir concorrer à Presidência em 2014.

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