A história contada como a história foi

Antônio Assis
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Criada pela presidente Dilma Rousseff para levantar os casos de violação aos direitos humanos ocorridos no Brasil durante a ditadura militar, a Comissão Nacional da Verdade está cumprindo bem o seu papel. O fato de todos os seus membros terem outras ocupações, como o advogado pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho, por exemplo, não a tem impedido de trabalhar. Ela atua em sintonia com as Comissões Estaduais e dentro do prazo previsto (dois anos) concluirá o seu relatório.

Alguns casos emblemáticos já estão praticamente esclarecidos: o sequestro, tortura e morte do padre Henrique Pereira Neto, do jornalista Vladimir Herzog e do deputado Rubens Paiva. Há farta documentação comprobatória de que eles foram assassinados por “crimes de opinião”, cabendo agora à Comissão da Verdade contar o caso como o caso foi. Não há pista ainda sobre o paradeiro dos corpos dos estudantes pernambucanos Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier, mas as buscas continuam.

Um fato que chamou atenção de José Paulo na montanha de documentos que a Comissão ora examina foi a quantidade de laudos médicos atestando “suicídio” de presos políticos: 41. Os laudos estão assinados por legistas que colaboravam com a ditadura para as mortes não fossem esclarecidas. José Paulo está convencido de que a Comissão irá “contar bem” a história daquele período. Após o que, presume-se, haverá pressão de todos os lados para mandar os torturadores para a cadeia.

Inaldo Sampaio

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