Paulo Emílio_PE247 - As recentes declarações atribuídas a presidente Dilma Rousseff (PT) por meio de interlocutores colocam o governador de Pernambuco e potencial candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, em um dilema: Levar o projeto adiante ou postergar a intenção para 2018. Segundo estes interlocutores, Dilma teria declarado que o seu mandato “é de oito anos” e que é "candidata à reeleição e uma candidata energética", além de ter garantido a vaga de vice a Michel Temer, do PMDB. O Planalto não confirmou mas também não desmentiu nenhuma das afirmações. Já o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, repete o discurso de que "2014 fica para 2014", reafirma que o partido permanece na base governista e ao lado da presidente Dilma e que tudo o mais não passa de mera especulação. Mas o líder Beto Albuquerque (PSB/RS) assume uma nova postura. "Nós vamos ter candidato à Presidência, estamos trabalhando para isso. O PSB está no governo, ajudando a presidente Dilma, mas somos um partido em crescimento e a possibilidade de o PSB ter um candidato à presidência é concreta e real. Já estamos conversando com outros partidos e vendo alianças para isso", disse ele, que é considerado um porta-voz de Eduardo Campos.
Embalada por uma aprovação que supera os 70%, as medidas anunciadas no tocante a redução da conta de luz devem turbinar ainda mais a popularidade da presidente. O encontro entre ela e o ex-presidente Lula, realizado na tarde desta sexta-feira (25), em São Paulo, também acende a luz amarela para os possíveis adversários. Com postura e discurso de candidata, o encontro teria servido para Dilma se posicionar como candidata à reeleição. No início desta semana, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirmava, durante os intervalos de um seminário internacional no qual o ex-presidente participava, que a "nossa candidata é a Dilminha". A proximidade entre Okamotto e Lula leva ao entendimento de que a declaração já seria um posicionamento definido pelo próprio Lula.
Com o bloco na rua, Dilma se antecipou a qualquer um que sonhe em tirar dela a possibilidade de um segundo mandato. E é aí onde mora o perigo. Caso a economia deslanche ao longo de 2013, ela será uma candidata quase imbatível no próximo pleito majoritário. Mas caso haja um declínio nesta direção potenciais adversários como o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), que já se lançou na disputa, e Eduardo Campos ganham musculatura para se posicionar como uma alternativa ao modelo petista de governo. E ambos, tucanos e socialistas, acompanham com lupa o sucesso ou o insucesso da economia ao longo deste ano. A economia é apontada como um dos pontos chaves para o desenlace das eleições 2014.
Uma outra alternativa a ser levada em conta é que com o desempenho econômico aquém do esperado o próprio PT venha a clamar pela volta de Lula ao Palácio do Planalto, de onde saiu com altíssimos níveis de popularidade. Como o ex-presidente nunca deixou de atuar na articulação política, postura que deverá ser intensificada em função da disposição da presidente em se reeleger, o trânsito que ele detém entre os diversos partidos o colocam como “o plano B” mais viável para a permanência do PT no poder.
Com o PMDB ao lado de Dilma, uma das principais opções de Lula seria oferecer a vaga de vice a Eduardo Campos, cujo partido foi o que mais cresceu nas últimas eleições municipais além de ter se mostrado fundamental à base governista em função do peso da bancada no Congresso Nacional. Alguns petistas, inclusive já defenderam esta possibilidade junto ao partido.
Roberto Amaral diz “já ter ouvido” comentários sobre a possibilidade de uma chapa Lula-Eduardo. “Se diz muita coisa, se especula muita coisa. As certezas que temos são de que continuaremos apoiando a presidente Dilma no que for preciso e que não nos aliaremos a candidatos de direita. Não seremos viagra de Aécio (Neves). Sim, queremos crescer, mas 2013 não é 2014. Ninguém sabe o que vai acontecer no futuro. Dilma tem uma popularidade altíssima em um momento que a economia vai mal. Ninguém poderia esperar isso. Mas é o que está acontecendo. Então como prever o que vai acontecer daqui pra frente?’, disse Amaral ao PE247.
O descarte do socialista quanto à possibilidade de compor uma chapa com Aécio vem na esteira das especulações de que os tucanos estariam se aproximando cada vez mais do PSB visando 2014. Outros partidos de oposição também almejam uma chapa com essa formação. O último exemplo desta vontade foi expressa pelo prefeito de Aracaju (SE), João Alves (DEM), que disse que “o sonho dourado da oposição” é uma chapa composta por Aécio e Eduardo Campos. Cada vez mais isolado, o PSDB se apega, até pela falta de outra alternativa, ao desempenho econômico do País.
O pensamento reinante é que se a economia não decola, pior para o governo e melhor para a legenda e o seu candidato. O descarte de uma possível anunciado pelo PSB coloca o tucanato em um isolamento ainda maior em função da falta de quadros para disputar com um já enfraquecido Aécio Neves.
Pelo andar da carruagem, o mutismo de Eduardo Campos e do PSB em torno de 2014 farão com que o partido continue sendo cortejado tanto pelo governo como pela oposição.