Reitor recebeu colegas de Raimundo e declarou que informará o caso ao MEC e à Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência
Foto: Luiza Freitas/ NE10
Do NE10
Depois de conseguirem que a morte de Raimundo Matias Dantas Neto fosse tratada como homicídio ao ter o caso encaminhado à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), amigos e advogados da vítima conseguiram o apoio oficial da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que irá encaminhar o caso ao Ministério da Educação. O grupo foi recebido na tarde desta segunda-feira (7) pelo reitor Anísio Brasileiro no auditório João Alfredo, localizado na reitoria da universidade.
O grupo se reuniu na sala do Diretório Acadêmico (DA) de Ciências Sociais, curso que Raimundo estudava, no prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e caminhou pelos campus até o prédio da reitoria. Ao chegar no local, houve um princípio de tumulto entre os estudantes e a segurança universitária, que logo foi contornado por ambos os lados.
A advogada Maria José do Amaral foi a primeira a falar e pediu que a universidade se posicionasse oficialmente sobre o caso como uma forma de agilizar as investigações. Ela também pediu que a UFPE fornecesse apoio médico e psicológico aos familiares através das clínicas da universidade.
"Fizemos o contato por telefone com o irmão dele hoje. Assim que terminar a reunião, vou ligar para o governador para informar o apoio da universidade", disse Anísio Brasileiro após ouvir amigos de Raimundo e representantes de movimentos sociais. O reitor também informou que irá enviar um ofício sobre o caso ao Ministério da Educação e à Secretaria Especial de Direitos Humanos ligada à Presidência.
Ao longo do encontro, vários colegas relacionaram a violência racial à morte do jovem. "Mesmo que a motivação não seja racial, o que ainda será elucidado, houve um ato de violência racial no momento em que os dreads foram arrancados. Isso tem que ser considerado", ressaltou a professora do Departamento de Ciências Sociais da UFPE, Eliane Maria Monteiro da Fonte.
O grupo também está agendando uma reunião com a promotoria de direitos humanos do Ministério Público de Pernambuco, para que o caso seja analisado incluindo a perspectiva de mortes de outros jovens negros. "Isso não foi apenas um ato de violência contra um rapaz negro. Foi uma violência contra toda a sociedade", lamentou Edson Axé, representante do movimento negro LGBT, também presente na reunião.