FALOU COMO CANDIDATA

Antônio Assis
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Carlos Chagas
                                                        Agradou todo mundo o pronunciamento da presidente Dilma, na noite de quarta-feira. Afinal, quem não gosta de ouvir que pagará menos pela conta de luz? Mesmo o fato de o cidadão comum receber  um abatimento de 18%,  e as empresas, de 32%, não chega a despertar  indignação. Vivemos um sistema capitalista e, apesar de o governo ser do PT, quem manda mesmo é o capital.

                                                        O importante na fala presidencial foi a nova postura. Dilma  assumiu o papel de candidata, tanto por haver apresentado benesses e promessas quanto pelo visual e pela oratória.  

                                                        Mostrou-se com segurança, nos vídeos e microfones, deixando claro estar preparada para confrontar adversários e espectadores. Os cortes que a transmissão permitiu entrever demonstram não ter sido fácil a gravação, especialmente para os apavorados auxiliares técnicos, como câmeras, iluminadores e  responsáveis pelo telepronter. Pode ser que ela se acostume aos percalços  televisivos, mas suas explosões,  de resto usuais com qualquer interlocutor, terão abalado as paredes do estúdio de gravação.

A SANTÍSSIMA TRINDADE DO PMDB
                                                     
  Uma indagação percorre os gabinetes do PMDB no Congresso, recomeçando  a ser habitados por conta da reabertura dos trabalhos parlamentares, em fevereiro: qual a liturgia, quais os dogmas e as verdades absolutas  dessa nova Santíssima Trindade integrada por Michel Temer, Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves?

                                                        O Pai derramou-se em elogios ao Filho, esta semana. Para  Temer, Renan fará uma belíssima gestão no Senado. O Espírito Santo, Henrique Eduardo,  continua voando pelo país em  busca da reafirmação dos votos que já tinha garantidos para a presidência da Câmara.

                                                        Pretende o quê, a Santíssima Trindade? Reforçar  a candidatura de Temer como vice-presidente na chapa encabeçada por  Dilma Rousseff ou pelo Lula? Seria oração demais para uma graça já alcançada, pois o PT sabe muito bem ser o PMDB seu maior parceiro, condição essencial para a vitória da presidente ou do ex-presidente. 

                                                        Renan e Henrique Eduardo não duvidam de que  estarão debaixo da mais eficiente das lupas enquanto presidirem o Senado e a Câmara. Serão milimetricamente fiscalizados em suas performances.  Assim,  não  precisam dos cargos para aumentar seu poder político ou suas contas bancárias.  Os três  nada tem a perder,   permanecendo  a questão: o que tem a ganhar?

                                                        Só pode ser o enquadramento presente e futuro  da presidente Dilma. A ocupação de mais e maiores espaços no governo do PT,  não apenas nos dois anos que faltam para se completar o primeiro mandato,  mas, também, no segundo. Por artifícios dos regimentos do  Congresso, o senador e o deputado  poderão concorrer a um segundo biênio, depois de 2013-2014. A composição das duas casas será outra, com as  eleições do ano que vem, permitindo a continuidade.  Mantida a Santíssima Trindade e ocupados os altares, continua  a dúvida: para quê?

                                                        O dr. Ulysses, Tancredo e  Teotônio  prepararam   planos e programas para quando chegassem ao poder. Não chegaram, não puderam executá-los,   por razões diversas. Temer, Renan e Henrique Eduardo caminham para  ocupar o poder, mesmo sem os ônus da alta exposição,  inerentes à  presidência da República. Estarão trabalhando em programas e planos? 

OS EMBAIXADORES EM WASHINGTON

                                                        Foi moda, no passado, os presidentes da República destinarem a embaixada do Brasil em Washington para uma  reserva tática de política interna. Getúlio Vargas escolheu  Osvaldo Aranha, Juscelino Kubitschek nomeou Amaral Peixoto e Castelo Branco indicou   Juracy Magalhães.  Os três poderiam ter sucedido os presidentes,  preservados para manobras que acabaram não dando certo, mas despertaram as atenções.

                                                        Vieram os tempos em que o Itamaraty conseguiu impedir a nomeação de embaixadores fora dos quadros da carreira e, com isso, esmaeceu a importância de nosso representante na capital americana. Há quem suponha que se a presidente Dilma conquistar o segundo mandato, poderá surpreender com a nomeação de um político com  chances promissoras para sucedê-la.   

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