Diário de Pernambuco
A visita de Marisa Monte é sempre esperada. Uma das cantoras mais bem pagas do país, ela é daquelas que espaça as turnês - a última foi Universo particular, em 2006 e 2007. Para os pernambucanos, a Verdade uma ilusão tem um gostinho a mais. No palco do Teatro Guararapes, nas próximas quarta, quinta e sexta-feiras, às 22h, a carioca será acompanhada pelo power trio da Nação Zumbi, Lúcio Maia (guitarra), Pupillo (bateria) e Dengue (baixo), para quem se rasga em elogios.
“Faz quase um ano que a gente está junto. Tem sido um sonho para mim. E estar com eles aí é uma honra”, garante. Eles se conheceram no Teatro Guararapes, no início da década de 1990, durante show de MM. Os três participaram das gravações e deram pausa de um ano nos trabalhos da Nação para seguir a turnê nacional.
O repertório do show é baseado emO que você quer saber de verdade, lançado em 2011. Mas também contempla sucessos, como Beija eu, Eu sei, Não vá embora, Amor I love you e composições que nunca cantou, como ECT, parceria com Nando Reis e Carlinhos Brown imortalizada na voz de Cássia Eller, um dos pontos altos da noite. Os ingressos custam R$ 280 e R$ 140 (plateia), R$ 180 e R$ 90 (balcão), à venda na bilheteria no teatro, lojas Andarella e pelo site www.bilheteriavirtual.com.br Não há mais ingressos para o dia 16.
Entrevista >> Marisa Monte
"Não me sinto à vontade para entupir o mundo de informação não-relevante"
Quais lugares você gosta de visitar quando vem a Pernambuco?
Quando volto a Pernambuco, é oportunidade de conhecer a cena, coisas que estão acontecendo e não têm projeção ainda. Com os meninos (os pernambucanos Pupillo, Lúcio Maia e Dengue) vai ser melhor ainda… Adoro Recife todo, a mágica de Olinda, das ladeiras, a praia de Carneiros. Gosto de me soltar e ver aonde o vento vai me levar.
Quando você sai, procura se esconder?
O carinho que as pessoas têm por mim me protege. Gentileza e carinho são sempre bem-vindos.
E no Rio de Janeiro? O que você faz para se manter longe dos paparazzi?
É muito fácil. Os paparazzi só frequentam dois lugares, que é a Praia do Leblon e a Rua Dias Ferreira. Eu tenho o Rio inteiro para mim, Madureira, Saara, onde eles não estão. Eles são pouco criativos, bem monocórdicos.
Em Brasília, você tirou uma foto com Joaquim Barbosa e depois publicou no Facebook. O que achou do julgamento do mensalão?
Achei que foi histórico. De alguma maneira, representou a vontade da população de ver menos impunidade, que é quase estabelecida em todos os setores. Ele virou uma espécie de herói nacional. Todo mundo na plateia o cumprimentava.
Como é seu processo de composição? Você consegue compor em viagens?
Viajar é um ótimo momento para compor. Tenho muito tempo livre. Fico muito tempo resguardada, sozinha. Em casa, tem outras coisas, tem criança (Marisa é mãe de Mano Vladimir, 8, e Helena, 4). Compus Pernambucobucolismo em Pernambuco, no ônibus, vendo os canaviais, aquela linda paisagem verde.
Você tem Twitter, mas a maioria das atualizações é feita pela sua equipe. Você gosta de internet?
Tenho amigos que passam o dia no Instagram, Facebook, Twitter. Eu sou bem marginal, mas acompanho o que acontece no meu Facebook. Gosto mais de livros, amigos reais. Se eu postasse “acordei”, “estou indo dormir”, eu teria mais seguidores. Mas não me sinto à vontade para entupir o mundo de informação não-relevante.
Você baixa discos?
Eu nunca compro disco físico, nem lembro qual foi o último. Compro mais no iTunes. Nunca baixei um disco pirata, apesar de ter crédito. Acho muito bacana ter menos matéria no mundo. Não cabe tanto plástico, tanto papel.
E livros?
Nunca li um romance no Kindle. Compro mais livros técnicos, e de tricô, crochê.
Você faz tricô e crochê?
Eu arraso. Aprendi com as senhoras da família, quando criança. O tricô é supersociável. Em um lugar barulhento, não consigo ler. Aí faço tricô. É tanta espera nas viagens. Só não posso mais levar minha agulha de metal, agora é de madeira. O pessoal acha que vou sequestrar o avião com a agulha.
Qual livro você está lendo?
Estou lendo um livro da Regina Navarro Lins. Já li A cama na varanda, agora estou lendo O livro do amor, que fala do amor cortês, como o comportamento e razões externas e sociais influenciam nos relacionamentos.
Regina Navarro tem uma visão bem libertária sobre o amor e sexo. Você concorda?
“Amar alguém só pode fazer bem/ Seja só uma pessoa ou um harém” é um pouco influenciada por ela. Ela aponta para um futuro em que as pessoas terão relações livres. Ela acha que as pessoas vão poder ter vários amores sem peso social.
E você concorda?
Estamos evoluindo. Não acho que sou tão primitiva assim. Vejo umas loucuras, pessoas que se matam por não poder ver a possibilidade de não estar com uma pessoa. O importante é ser feliz. Mais uma vez, é um código individual.