Eduardo: PSB ficará neutro na briga pela Câmara

Antônio Assis
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Leonardo Lucena_PE247 – O candidato a presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) encontrou-se com o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos. Alves, que esteve no Recife em busca do apoio do socialista em torno da sua postulação, recebeu o indicativo de que o gestor ficará neutro quanto a disputa para a presidência da Casa no mês que vem. A declaração dúbia de Campos reforça o  posicionamento do socialista de prestar um apoio velado ao correligionário, Júlio Delgado (MG), que também briga pelo cargo.  

“Meu partido decidiu ter um candidato, que é o deputado Júlio Delgado. E ele tem uma história na Câmara e qualificação para o papel. Se eu fosse deputado meu voto era de Júlio. Recebi Henrique, com quem fui três vezes deputado e com quem tenho relação pessoal. Ele tem voto de deputados de nossa base política e que participam dessa chapa política. Mas a eleição da Câmara diz respeito aos deputados”, disse o governador, de acordo com o jornal Folha de Pernambuco.

O peemedebista demonstrou entender sem problema algum o posicionamento do governador. Alves afirmou que o objetivo da sua conversa com o gestor foi reforçar a sua candidatura à presidência da Câmara, uma vez que os dois partidos integram a base governista. “Disse a ele (a Eduardo) que iria começar discretamente a luta pela presidência da Câmara, mas que não gostaria de dar esse primeiro passo sem antes conversarmos, já que o PSB é um partido de extrema importância para aquela Casa. E, caso viesse a ter um candidato, queria deixar claro que iria respeitar a sua liderança”, declarou.

Apesar de o PSB brigar por um papel mais ativo, pois foi a legenda que mais cresceu nas eleições municipais 2012, Alves conta com apoio declarado de 11 legendas, além da sua própria sigla– PT, DEM, PSDB, PDT, PPS, PSD, PC do B, PP, PR, PSC e PRB. Isso significa que o peemedebista possui, em tese, mais de 380 votos, enquanto que o necessário para vencer a disputa pela presidência da Casa no primeiro turno seriam necessários apenas 257.

Nem mesmo as denúncias de favorecimento na liberação de emendas para o seu estado natal, o Rio Grande do Norte, devem atrapalhar os planos de Alves. Porém é bom lembrar que mesmo no PMDB há parlamentares que não concordam com a sua candidatura, a exemplo da deputada Rose de Freitas (ES). A parlamentar tem dito que as acusações contra o seu correligionário podem “manchar” a imagem do partido no Congresso Nacional e ter reflexos negativos para a presidente Dilma Rousseff (PT). As informações dão conta de que a congressista teria tido a sua candidatura barrada pelo vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB).

Alves é acusado de ter favorecido, por meio de emendas parlamentares, a construtora Bonnaci Engenharia e Comércio Ltda., do seu ex-assessor Aluízio de Almeida, para que a empresa ficasse responsável por obras em municípios comandados pelo PMDB no Rio Grande do Norte. Em contrapartida, o peemedebista tem dito que realmente procurou favorecer o sue estado, porém a fiscalização da aplicação das verbas cabe às prefeituras e aos órgãos de controle.

Apoio é o que não falta para Alves vencer as eleições e, assim, o PMDB poderá ocupar as presidências das duas casas legislativas (Senador, com o atual presidente José Sarney (AP), e Câmara). Mas, em entrevista ao Pernambuco 247, o cientista político da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Hely Ferreira, afirma que não é bom para a democracia brasileira ter um único partido comandando as duas principais instituições políticas do país nem para o governo, pois o mesmo ficaria “refém” dos peemedebistas, que, segundo o estudioso, integram uma legenda extremamente “fisiologista”.

“Desde que acabou o Regime Militar (1964-1985) nesse país, o PMDB não conseguiu se firmar sozinho, nunca teve um candidato a presidente com reais chances de vitória. Então, fica a reboque de outros partidos. Presidir as Casas é o caminho que o PMDB encontra para ter visibilidade. Para o partido é bom, mas para a democracia brasileira, não”, analisa Ferreira.

“Parece mais um regime parlamentarista do que presidencialista. É importante que haja uma oxigenação dentro das duas Casas”, acrescentou. Sobre o PSB, que busca mais espaço no Congresso Nacional, o especialista diz que o partido poderá diminuir a “dependência” do Governo Dilma em relação ao PMDB. “Talvez, o PSB seja a válvula de escape que a Dilma tem para se livrar um pouco do PMDB”, observou.

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