Semana passada, Piauí. Nesta, São Paulo. Na próxima, Ceará, Paraíba, Alagoas e talvez Sergipe. E não para mais. Em fevereiro, Pernambuco, Paraná, Estado do Rio e Rio Grande do Norte, para começar. Além de visitas a todos os estádios em construção na preparação da Copa do Mundo. Neste ano de 2013, a previsão parece de não deixar uma sexta-feira sem botar o pé na estrada, ou melhor, o Aerodilma para voar.
É ou não é campanha, apesar da necessidade de uma presidente da República marcar presença em todo o território nacional?
No caso, campanha eleitoral. Para quê? Obviamente para a reeleição em 2014. Contra todos os possíveis candidatos já se definindo, de Aécio Neves a Eduardo Campos, a Marina Silva e... E ao Lula, ao menos enquanto ele não cede por inteiro à pressão do PT para lançar-se antecipadamente na sucessão da sucessora. Não de todos os companheiros, mas daqueles do grupo insatisfeito com a limitada atenção recebida da presidente nos últimos dois anos. Porque também existem petistas entusiasmados com a reeleição.
Aqui, a vertente se bifurca. Claro que se o Lula assumir sua candidatura, Dilma não terá como contrariá-lo. Entregará de imediato a vaga, por gratidão, fidelidade e reconhecimento de ser impossível a insurreição. Mas enquanto o chefe não se define, ocupará espaços, buscando manter acesa a chama das promessas do antecessor e o direito natural de disputar o segundo mandato. Coincidente e perigosamente quando se anuncia a volta das caravanas do Lula.
Numa palavra, a presidente está em campanha, vestindo o figurino tradicional de todos os candidatos, inclusive o gibão de vaqueiro do Piauí, que já vestiu. Fica para depois saber se aceitará bombachas no Rio Grande do Sul, cocares em Mato Grosso, bonés da CUT em São Paulo ou do MST em Pernambuco.
JACARÉS EM RIO DE PIRANHA
Mais presença tem o jacaré em nossa realidade, que poderia até ter sido escolhido mascote da Copa do Mundo em vez do insípido tatu. Vitorino Freire dizia que em rio de piranha, jacaré nada de costas. E Juracy Magalhães sustentava dever um ministro ter o couro duro como o do jacaré.
Assim deveriam estar Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves, candidatos às presidências do Senado e da Câmara, debaixo de invulgar bombardeio sobre suas candidaturas. Os mísseis vem sendo disparados pela imprensa, mas a carga explosiva, quem fornece são seus adversários deputados ou senadores.
Não se passa um dia sem que novas e velhas acusações caiam sobre eles, seja em suas atividades como servidores públicos ou como empresários. Essa dicotomia é desastrosa para qualquer parlamentar, já que negócios públicos e privados não deveriam misturar-se, mas quem, no Congresso, irá atirar a primeira pedra?
O mais provável é que ambos se elejam, mas assumirão debaixo de fiscalizações poucas vezes vistas no Legislativo.