
Pedro Luiz Rodrigues
Se a juventude (mesmo a relativa juventude) tem qualidades naturais, são as de ser portadora de ideias novas, de propor novos hábitos, de implantar mudanças e de clamar pela renovação.
Mas, no Brasil, a nova geração de líderes que desponta no cenário
político parece que de novo, só têm mesmo a idade. Vantagem que se
perde com o passar do tempo.
Fico pasmo. Não vejo partir desses emergentes líderes – que
deveriam ser a esperança das novas gerações - qualquer indício de que
pretendam renovar o que quer que seja no lodoso quadro em que se
pratica a política no País.
Não há novas ideias no ar. Aliás, não há nada no ar.
De nenhum lado da ala jovem se ouve qualquer manifestação sobre o tema fundamental da reforma partidária.
Não se erguem, também, bandeiras ou propostas capazes de empolgar
um país que em breve será a quinta principal economia do mundo.
Esperava mais, por exemplo, de Gilberto Kassab. Laborioso,
estudioso (engenheiro, economista, com curso de ciência política na
UnB), bom administrador. Mas quanto à sua participação no quadro
nacional, parece entusiasticamente decidido a seguir a batida trilha da
política tradicional.
Esta trilha, sabemos, se alimenta de seus próprios miasmas. Os que
por ela passam preocupam-se apenas com geometrias que montam e
desmontam apoios e desapoios, motivados exclusivamente por interesses
personalistas.
Em 2011, reunindo dissidentes de diversas agremiações (em
particular o DEM, o PSDB e o PPS), Kassab criou o Partido Social
Democrático (PSD).
Todos os que a ele aderiram manifestaram júbilo por se estar
juntando a uma sigla jovem e dinâmica, mas, curioso, procurei muito na
Internet, mas não descobri quase nada sobre propostas ou ideias. De
claro, apenas a intenção de chegar o mais próximo possível ao vértice
do poder.
Não me estranha, portanto, saber que Kassab foi outro dia dizer à
presidente Dilma Roussef que o PSD vigorosamente apoia sua reeleição.
Nada de errado em um partido apoiar a Presidente, se com ela
compartilhar ideais e objetivos. Mas sabemos todos nós que não há muito
mais em jogo do que a mera aspiração de se colher algumas migalhas que
possam cair da mesa do poder.
Na verdade basta só uma migalha, um ministeriozinho qualquer, entre os trinta e muitos que existem.
Dilma está na dela, mantendo encontros com diversos partidos para
amarrar os apoios necessários para levar da melhor maneira sua
administração até 2014.
Ela, com seu jeito durão de ser, sabe tratar com os políticos
melhor do fosse uma velha raposa felpuda do PSD (o original, claro).