Isaltino e os Desafios de Pacificar o PT no Recife

Antônio Assis
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Leonardo Lucena_PE247 – Devido ao clima de instabilidade no PT recifense, o secretário estadual de Transportes, Isaltino Nascimento, tem o papel de “apagar as chamas” dentro do Partido dos Trabalhadores e tentar uma reconciliação da legenda com o PSB do governador Eduardo Campos. Como o petista é ex-líder do governo na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), foi escalado pelo chefe do Executivo estadual para tentar uma reaproximação entre as duas siglas. No entanto, esta tarefa, aparentemente, está muito longe de ser colocada em prática.

PT e PSB tiveram um estremecimento em suas relações depois que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, lançou candidatura própria, sendo chamado de “traidor”. As brigas entre ambas as legendas marcaram toda a campanha eleitoral que terminou com a vitória do candidato socialista Geraldo Júlio ainda no primeiro turno. De qualquer maneira, o PT terá o Processo de Eleições Diretas (PED), que isso deve “prender” a atenção de muitos filiados petistas até novembro do ano que vem. Ou seja, até lá muita água vai rolar embaixo da ponte.

Nascimento faz parte da Construindo Um Novo Brasil (CNB), a maior dentro do PT, que tem como líder o senador Humberto Costa, derrotado nestas eleições (terceiro lugar). Enquanto que o congressista junto com o ex-prefeito e seu vice neste pleito, João Paulo (da Articulação de Esquerda), defendem a independência do partido, o secretário tem uma linha mais moderada e é visto como o petista mais “eduardista” dentro da legenda. Mesmo assim, as informações dão conta de que muitos integrantes do partido veem com bons olhos a nomeação do dirigente para intermediar as negociações.

O fato é que novembro do ano que vem é um período relativamente próximo das eleições em 2014, cuja homologação das candidaturas e das coligações ocorre no mês de junho. Passar mais um ano sem ter suas arestas aparadas pode dificultar mais a vida do partido ante outras legendas e o eleitorado. Em dezembro, haverá uma reunião com integrantes do Diretório Estadual petista, cujo principal interlocutor será o presidente estadual do PT e deputado federal, Pedro Eugênio, mas não há garantias de que se chegará a um consenso a fim de reestabelecer os laços com o PSB. 

Outra questão que estará em pauta é a saída ou não do prefeito João da Costa do partido. As informações dão conta de que tanto o senador como o ex-prefeito, este, tido como o principal desafeto do gestor, defendem a expulsão do petista, já que o mesmo não apoiou o senador na campanha deste ano. O motivo foi a retirada de sua candidatura pela Executiva Nacional sob argumento de que a legenda estava insustentável internamente por conta das trocas de farpas durante o processo de prévias, disputado entre o chefe do Executivo municipal e o então deputado federal Maurício Rands, que se desfiliou do partido. Consequentemente, membros da cúpula nacional resolveram apresentar o nome de Humberto Costa para acalmar os ânimos e aumentar as chances de vitória no pleito, o que não aconteceu.

Desafetos são sequelas que dificilmente têm volta e a relação entre João Paulo e João da Costa prova isso. Agora, tendo em vista outro estremecimento interno, entre o prefeito e o senador Humberto Costa, o clima intrapartidário esquentou mais ainda. Resta saber se as tentativas de reconciliação interna e também com o PSB serão colocadas em prática o quanto antes para evitar o risco de o PT se tornar um partido quase que coadjuvante no cenário político recifense e pernambucano.

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