O objetivo é expor ao país programas e ações que, em seis anos, lhe conferiram popularidade no Estado equivalente à de seu conterrâneo mais famoso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Leo Caldas/Folhapress |
Eduardo Campos durante entrevista em seu gabinete |
O calendário favorece Campos. Até o final de seu segundo mandato, em 2014, Pernambuco será uma das sedes dos dois torneios de maior visibilidade no país, a Copa das Confederações (2013) e a Copa do Mundo (2014).
Campos vai usar os eventos para promover os programas que levaram o Estado a manter, há cinco anos consecutivos, taxas de crescimento e de geração de empregos maiores que as do Brasil.
Só no setor industrial, a previsão de investimentos, a maior parte no complexo de Suape, chega a US$ 28 milhões (R$ 57,4 milhões), o equivalente a cerca de 40% do PIB (Produto Interno Bruto) estadual.
Na área social, os indicadores do governo mostram redução de 33% no número de homicídios desde 2007 e aumento nos gastos com educação e saúde, em percentuais sempre acima do mínimo exigido pela legislação.
Editoria de Arte/Folhapress |
VIDRAÇAS
Mas há algumas vidraças no governo de Campos. A qualificação da mão de obra não acompanhou o crescimento industrial. A contratação de profissionais sem especialização gerou prejuízos.
Um exemplo é o estaleiro Atlântico Sul. Estimulada pelo governo, a empresa transformou lavradores, pescadores e domésticas em operários e atrasou em dois anos o lançamento ao mar do seu primeiro navio, por uma série de erros na construção.
Nas escolas, faltam professores efetivos, substituídos por terceirizados. Também há deficit de policiais em delegacias e de médicos em hospitais. Servidores reclamam e pedem reajuste.
"Existe hoje uma relação conflituosa com a categoria", disse o presidente do Sindserpe (Sindicato dos Servidores Públicos Civis de Pernambuco), Renilson Oliveira, 47.
"Houve avanços na primeira gestão de Eduardo, mas a lua de mel acabou", afirmou. "A data-base dos servidores é 1º de junho, pedimos 19% de aumento, mas até agora não houve contraproposta."
No campo político, o governador teria como desafio imediato, numa eventual candidatura, atrair até o final de 2013 um partido médio para uma coligação nacional.
Campos diz que apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff, e as negociações esbarrariam no risco de contaminar uma relação já abalada entre o PSB e o PT.
Para o cientista político Antonio Lavareda, além da necessidade de atrair aliados, Campos também enfrentaria Dilma em uma disputa pelo DNA das obras no Estado.
Haveria ainda, disse, desafios dentro de seu próprio partido, com o "segmento cearense" e os "prefeitos socialistas de bico amarelo" (próximos ao PSDB), como o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB).
"Além de atrair partidos médios, Campos também teria de compensar eventuais perdas dentro do próprio partido", disse Lavareda.
FÁBIO GUIBU
DE RECIFE
FOLHA DE sÃO PAULO