José Teles
JC Online
Foto: Divulgação
Mais uma versão de Asa branca está disponível no Youtube, e a cada dia é mais acessada. A toada de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga é cantada em coreano, por um grupo folk de Seul, o Coreyah, que liquidifica sansari (um estilo tradicional da Coreia), com música africana, dos Bálcãs, rock, e brasileira, que os jovens músicos descobriram há seis anos: “Curtimos a MPB dos anos 60 a 80, e forró, conta, em entrevista por e-mail, o percussionista Kyung-I, autor da versão coreana de Asa branca: “Como não entendo português, fiz em cima de versões que ouvi em inglês. Ouvi várias”, diz ele elogiando a versão de David Byrne com o grupo Forró in the Dark, banda de forró nova-iorquina.
Porém confessa que a versão de Asa branca da Coreyah, com introdução com tempero jazzístico é tem a ver com muitas audições de discos do Quinteto Violado: “Mostrei ao grupo a versão do Quinteto Violado, porque sou fã da banda. Tornou-se a versão preferida de todos, então acho que ela nos influenciou quando fizemos a nossa”.
Ele admite que não conhece bem a história de Luiz Gonzaga, mas ouviu muitos álbuns de Lua: “Dá para sacar a importância dele no panorama da música brasileira, um símbolo do forró e da cultura nordestina”, diz Kyung-I. Ele comenta que Asa branca é uma música relativamente nova, em relação a milenar cultura coreana: “Na Coreia temos uma canção que ocupa uma posição mais ou menos igual a de Asa branca. Chama-se Arirang, a mais famosa música do folclore coreano, tem versões em cada região do país. Todos coreanos aprendem Arirang na escola primária. Arirang, feito Asa branca, tem interpretações na música popular moderna. Há muitos clipes de Arirang no Youtube”.
Kyung-I diz que não gravaram Asa branca apenas pela melodia, garante que entendem o significado da letra: “Na Coreia não tem nada feito o sertão nordestino, mas sofremos longos períodos sem chuva, então quando fiz a versão em coreano, eu, e os integrantes da banda entendíamos bem o que queria dizer a música”. Ele lamenta que os jovens coreanos quase não escutem música tradicional. O interesse deles é por música estrangeira, principalmente a americana e inglesa: “Por isto nós, e outros músicos jovens, que estudam a música tradicional procuramos quebrar barreiras entre o tradicional e o pop. É só um começo, mas esperamos que se torne um movimento””, comenta Kyung-I.
A influência da música americana é tão forte que o disco de estréia da Coreyah, lançado em 2011, tem título em inglês: Walk into the sea. Eles se se referem a música que fazem como folk contemporâneo. Asa branca, por exemplo, recebeu uma interpretação do canto tradicional coreano, com instrumentos tradicionais e ocidentais, como a guitarra elétrica.