Joseú Nogueira
Diário de Pernambuco
Desde o retorno do período democrático no país, a Justiça Eleitoral
já realizou sete eleições municipais (1985, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004
e 2008).
Em 1985, mais precisamente no dia 15 de novembro daquele ano,
estavam aptos a votar cerca de 18 milhões de eleitores em 201 municípios
brasileiros.
Na urna de lona, eles depositaram seus votos apenas para o cargo de
prefeito. Os eleitos, por sua vez, administraram tais cidades de 1º de
janeiro de 1986 a 31 de dezembro de 1988.
Neste ano, a Justiça Eleitoral realizará, portanto, o oitavo pleito municipal no período pós-ditadura.
Estarão aptos a votar para eleger os próximos prefeitos e vereadores mais de 138 milhões de eleitores de 5.568 cidades.
Isso representa um crescimento de mais de 776% no que se refere ao
número de eleitores e de mais de 2.770% no que tange à quantidade de
municípios envolvidos, se compararmos a eleição de 1985 com a de
outubro deste ano.
O coordenador da Seção de Processamento de Eleições (Sepel) do TSE,
José de Melo Cruz, servidor do Tribunal desde 1996, conta que naquela
época organizar uma eleição era muito diferente.
“Em 1996, foi realizada a primeira eleição geral com urnas
eletrônicas em 1/3 do país. Era totalmente diferente de tudo. O
desenvolvimento de softwares de urna não era nosso. Só desenvolvíamos
os softwares de totalização e uma relação de candidatos apenas. Não
existia o DivulgaCand [sistema de divulgação de candidaturas]”, lembra.
Texto do TSE.
Segundo Melo Cruz, naquela época havia
somente uma unidade da Sepel [hoje são duas: Sepel I e Sepel II], com
uma quantidade pequena de pessoas, sendo cerca da metade composta por
funcionários terceirizados e a outra metade por concursados aprovados
no certame de 1995.
“Mas nós, que entramos em 1996, não conhecíamos nada do sistema
eleitoral. Os terceirizados que eram experientes, pois já haviam
participado de outras eleições. Nós, concursados, aprendemos na raça,
aprendemos fazendo”, diz Melo Cruz.
Em 1998, a eleição municipal já foi realizada com urnas eletrônicas
em 2/3 do país. “Demos uma mexida grande nos softwares de totalização.
Os sistemas foram todos redesenvolvidos, mesmo com praticamente o mesmo
quadro de pessoal de quando entrei do Tribunal. Só em 2010 foi criada a
Sepel II. Aí já tínhamos um quantitativo bom de pessoal”, recorda.
Em 2000, a urna eletrônica foi utilizada em todos os municípios
brasileiros. Dois anos depois, em 2002, a Justiça Eleitoral decidiu
implantar o chamado voto impresso em algumas localidades do país, medida
que foi descartada após o pleito por apresentar uma série de
desvantagens, entre elas o alto custo de implantação e um grande número
de falhas, impedindo o transcurso fluente dos trabalhos nas seções
eleitorais.
E as demandas não pararam de crescer, pois em 2004, a equipe da
Justiça Eleitoral, que até aquele momento não era responsável por
desenvolver a totalidade dos softwares das eleições, promoveu a
reformulação do programa de totalização dos votos, além de implementar
mais requisitos de segurança nos sistemas eleitorais.
Já em 2006, foi feita a centralização, no TSE, das bases de dados
eleitorais. E em 2008, houve a implantação do sistema Linux nas urnas
eletrônicas. “O software da urna foi reescrito do zero. Foi quando
tivemos o maior desafio no que se refere ao software da urna”, lembra.
Além disso, naquele ano começou a ser implementada a identificação
biométrica do eleitor em três cidades do país.
“As demandas são sempre crescentes. Isso porque a cada eleição
precisamos implementar novos requisitos de segurança no sistema
eletrônico de votação. Cada eleição dá mais trabalho que a anterior.
Fazemos avaliações do que se pode melhorar, tanto no que diz respeito
aos softwares quanto aos hardwares. O desafio nestas eleições de 2012
será muito maior que o das anteriores, pois quanto mais segurança é
exigida, mais demanda nós temos”, destaca Mello Cruz.