Seca no Sertão e Agreste Prejudica Produção de Mel

Antônio Assis
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Kléber Nunes
Folha-PE

Há mais de 20 anos, Flávio Lustosa, 49 anos, se dedica à apicultura, na cidade sertaneja de Parnamirim. Acostumado a ver uma produção anual de 70 toneladas de mel em toda a região, o apicultor assiste incrédulo a fuga dos enxames e a queda de 100% da produção. A seca que atinge o Sertão e o Agreste do Estado impediu a floração e a geração do mel. Assim como ele, diversos criadores se dedicam à manutenção dos apiários com a esperança de reverter a situação no ano que vem.

Segundo o extensionista do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Luiz Gonzaga, um bom enxame tem mais de 110 mil abelhas. Atualmente os que ainda resistem ao calor e a falta de néctar estão com cerca de 40 mil insetos. Para manter as abelhas é preciso alimentá-las com ração composta por xarope e proteína extraída da soja. “Está muito difícil para os criadores manter os apiários. Sem produção, não houve vendas nem dinheiro. Muitos estão se virando com outras atividades”, afirmou. A queda da produção do mel já está sendo sentida na Capital. Uma garrafa com 700 gramas está sendo vendida ao preço de R$ 10, quase três vezes mais do que o valor no mesmo período do ano passado. Na negociação do mel bruto por quilo, o preço passou de R$ 4 para R$ 8. “Ficamos com muito pouco produto para consumo interno e menos ainda para a exportação, o que impediu a negociação com países como Alemanha e Estados Unidos”, disse Flávio Lustosa.

A produção da cera também foi afetada pela estiagem. O material que é utilizado nas empresas de cosmético está sendo reaproveitado nas colmeias, outra parte está sendo guardada em refrigeradores. “Se o enxame foi embora o criador precisa retirar as ceras para reaproveitá-las para o próximo ano. Só assim os apicultores poderão pensar em reaver os prejuízos”, explicou Luiz Gonzaga.

Apesar do cenário desolador a Associação dos Apicultores de Parnamirim e Região (Asapar) espera dobrar, em 2013, a produção que estava sendo esperada para este ano. “Estamos trabalhando na conservação das ceras e manutenção das abelhas que ainda resistem. Nossa expectativa é no próximo ano produzir 200 toneladas de mel”, declarou Flávio Lustosa. Para garantir esse crescimento o IPA está desenvolvendo um trabalho educativo com os apicultores das regiões mais atingidas. “Nossos técnicos estão visitando os apiários, mas é um trabalho difícil e lento”, pontuou Gonzaga.

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