Carro Usado Mais em Conta

Antônio Assis
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JC Online

O carro usado vai ficar ainda mais barato para o consumidor pernambucano a partir de hoje. O governo do Estado assina no final da manhã um decreto zerando a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que atualmente é de 1% para o segmento. O repasse desse percentual para o preço final será integral nas revendas, adiantou o mercado. Hoje, veículos seminovos já estão em média 20% mais em conta, pois foram atingidos indiretamente pela redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para novos, em vigor desde junho em todo País.
A medida poderá ainda trazer mudanças na avaliação de automóveis dados como entrada na hora da compra de um modelo zero-quilômetro, exigindo mais disposição dos consumidores na hora de negociar. Há concessionárias que irão baixar também em 1% o preço oferecido ao carro, outras que estudam a possibilidade de elevar o valor e aquelas que projetam manter tudo como está.

O decreto, que será assinado pelo governador Eduardo Campos, pretende ajudar no combate à queda nas vendas de usados que atingiu as revendas do segmento. Somente neste mês de setembro, segundo estimativas do presidente da Associação de Revendedores de Veículos Automotores de Pernambuco, Antônio Selva, o baque foi de 50% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Com o ICMS zero, acrescentou, as revendas vão trabalhar forte a publicidade – assim como as concessionárias de novos têm feito com IPI.

O consumidor, entretanto, pode amargar frustração na compra do usado mais barato por conta da dificuldade em obter crédito. Por terem se configurado como operações de maior risco, os bancos passaram a ser mais rigorosos na análise de pedidos de financiamento para veículos seminovos.

No Brasil, comentou o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, 50% das solicitações de cartas de crédito são reprovadas. Além disso, os juros para usados são maiores, o prazo de pagamento menor e o percentual solicitado como entrada supera 20%. Cenário inverso ao verificado para carros novos. “Medidas de desoneração como essa vão ajudar, especialmente na compra de veículos com até quatro anos. Mas sozinha ela não vai resolver o problema do mercado. É importante para o final deste segundo semestre, caso as reduções do IPI não sejam prorrogadas”, pontuou Oliveira.

O presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), Ilídio Gonçalves dos Santos, celebrou a iniciativa do governo de Pernambuco e lembrou que Estados como Bahia e Espírito Santo já praticam alíquota zero para usados. “Não fazia sentido cobrar ICMS de um produto usado. São Paulo caminha para essa iniciativa e nossa briga é estendê-la para todo País. O segmento enfrenta um período difícil. Em Pernambuco, as informações são de que 20% das revendas de seminovos fecharam suas portas”, lamentou.

A avaliação de carros usados para compra de zero-quilômetro na Auto Nunes, revenda GM no Recife, deverá ser reduzida, explicou o gerente comercial da concessionária, Rogério Araújo. “A avaliação segue o mercado”, resumiu. Roberto Figueiredo, do Grupo Via Sul, acredita que não haverá mudanças. “Não estamos abdicando de margem, como aconteceu no começo do ano. Logo não há motivo para repassar a redução para avaliação”, ponderou.

Já o diretor de usados do Grupo Parvi (que congrega as concessionárias Fiat, Ford, Toyota e Peugeot, entre outras), Gustavo Araújo, enxerga na desoneração do governo estadual a oportunidade de conquistar novos clientes oferecendo mais na avaliação dos veículos usados. “O negócio de venda de seminovos terá um custo financeiro menor. Quem tem um faturamento mensal de R$ 7 milhões, terá R$ 70 mil de economia, quantia que pode possibilitar pagar um pouco mais no carro oferecido pelo consumidor”, comentou.

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