Banco de Pele já Funciona no Imip

Antônio Assis
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Foto:Sérgio Bernardo/Arquivo Folha

Renatta Gorga 
Folha-PE
 
O primeiro Banco de Pele lançado em Pernambuco começou a funcionar oficialmente ontem. O serviço pertence ao Banco Multitecidos do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) e é o terceiro existente em todo o Brasil. A partir de agora, pessoas vítimas de grandes queimaduras vão ter a oportunidade de ter a pele restaurada e evitar o risco de infecções, perda de líquido e a sensação de dor. Estima-se que, no Estado, haja em torno de 300 a 500 pacientes que necessitam de receber novas peles. A demanda ainda não vai ser totalmente suprida, mas a equipe médica está otimista, com a expectativa de que as doações aumentem gradativamente.
Irão se beneficiar com o serviço aqueles que possuem queimaduras profundas. No caso de adultos, são os que possuem 30% da superfície corporal acometidos; já as crianças, 20% do corpo atingidos. De acordo com o responsável técnico pelo Banco de Pele e especialista em cirurgia plástica e queimaduras, Marcelo Borges, a expectativa é atingir uma meta de quatro doações por mês, ao longo dos próximos meses. “Por enquanto, a doação ainda deve ocorrer em uma média de 1,5 doação, a cada 30 dias”, afirmou.

A captação da pele funciona como as de órgãos internos. As famílias dos potenciais doadores são abordadas e, em caso de aceitação, desloca-se a equipe para o hospital onde o doador está.


“Após uma comprovação de que o paciente teve uma morte encefálica e de que a família, realmente, aceitou a doação, retiramos várias lâminas de pele do doador, em ambiente cirúrgico”, explica doutor Marcelo Borges. De acordo com o especialista, também é possível que a retirada ocorra em caso de o doador já ter falecido (quando todos os órgãos tiverem paralisados). “Neste caso, temos em torno de seis a 12 horas para conseguir a aceitação da família e retirar a pele”, frisou.


De acordo com o diretor médico do Imip, Geraldo Furtado, as famílias não precisam se preocupar com a aparência dos doadores. “Os pacientes não vão ter os corpos deformados. Existe toda uma técnica para evitar isso”. Não há restrições quanto à faixa etária ou o peso do receptor. Já quem vai doar a pele, deve ter entre 12 e 60 anos e possuir, no mínimo, 40 quilos. “Se tiver menos de 12 anos, a quantidade de pele que pode ser doada é muito pouca. Quando é maior de 60, a qualidade da pele já não é tão adequada”, justificou.


É importante frisar que uma pele, ao ser captada, não pode ser usada de imediato. Precisa-se de uma preparação preliminar. Após o tecido ser retirado, ele é transportado a um banco de pele e permanece guardado por um período de 21 dias. “Esse tempo é utilizado para que sejam feitos todos os exames de sangue e de microbiologia nesse material. Só depois essa pele é considerada um tecido liberado a um possível transplante”, atestou o Marcelo Borges.

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