Homem Atingido por Vergalhão Deve Receber Alta

Antônio Assis
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Agência Globo

O prontuário médico do operário Eduardo Leite da Silva Costa, de 24 anos, deve ganhar um dado novo nesta quinta-feira. Depois de ter o crânio atravessado por um vergalhão numa obra, em Botafogo, ele deve finalmente receber alta. Eduardo passou duas semanas internado no Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea. A liberação, no entanto, ainda não é total.

Eduardo passará por acompanhamento médico e terá que fazer um exame neuropsicológico em alguns meses para confirmar se ele realmente ficou sem sequelas. Na última segunda-feira o operário esteve numa clínica particular, em Botafogo, onde passou por avaliação de médicos e psicólogos. Eduardo fez uma ressonância para medir as funções de seu cérebro. Ele também participou de testes para medir sua capacidade de raciocínio, memória e cálculo.


"É um exame que demora algumas horas. Não é algo comum, mas bem específico. O resultado ainda não saiu, mas, de qualquer forma, ele terá que repetir o exame nos próximos meses", explicou Ruy Monteiro, chefe do serviço de neurocirurgia do Hospital Miguel Couto.

Eduardo diz que, no momento, só quer ir para casa descansar. Mesmo com o trauma do acidente, o operário não descarta voltar à profissão. "Vou descansar agora. Acho que não terei condições de trabalhar tão cedo. Todo profissional gosta do que faz, comigo não é diferente, mas não sei se vou conseguir voltar ao meu trabalho. O INSS é que vai dizer", afirmou.

Impacto na cabeça foi de 300 quilos

O vergalhão que atingiu o operário despencou do quinto andar do prédio em que ele trabalhava, no último dia 16. O pedaço de ferro tinha dois metros de comprimento e atravessou o capacete. O metal saiu pela região entre os olhos, acima do nariz. O impacto foi equivalente a 300 quilos. Os bombeiros cortaram uma parte do vergalhão no local do acidente e levaram o ferido para o Miguel Couto. Eduardo chegou ao hospital falando normalmente, para a surpresa de médicos e enfermeiros. Na terça-feira, ele agradeceu o empenho dos colegas de trabalho. Além disso, elogiou a equipe médica que conseguiu salvá-lo.

"Deus estava comigo em todos os momentos. Se eles (colegas) não tivessem agido, eu não estava falando agora. E essa equipe médica está de parabéns", disse.

Eduardo afirma estar se sentindo bem. O operário vem recebendo ligações dos colegas interessados em saber seu estado de saúde. No entanto, é o apoio da família que tem sido fundamental, segundo ele: "Nessas horas, a gente só pode contar com a família".

De acordo com os médicos, a área do cérebro que foi atingida é responsável pelas emoções. Caso o vergalhão tivesse entrado um pouco mais para o lado direito, teria afetado a parte responsável pela coordenação motora, e o operário poderia perder movimentos do corpo. Caso tivesse entrado um centímetro para direita ou para a esquerda, ele poderia ter perdido um dos olhos.

Após o acidente, o canteiro de obras foi inspecionado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (Crea-RJ), que identificou problemas. Segundo o órgão, a engenheira responsável pela obra também cuidava da segurança do empreendimento. O acúmulo de funções seria irregular, de acordo com o Crea.

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