Para um neófito em disputas políticas, a entrevista que o candidato Geraldo Júlio concedeu domingo a esta “Folha” foi um primor de objetividade e compromisso de imprimir no Recife o mesmo modelo de gestão do governo estadual. Ele aprendeu relativamente rápido o traquejo da linguagem política, driblando perguntas que eventualmente o deixariam mal na fita se as respostas ferissem susceptibilidades de alguma liderança da Frente Popular. É, enfim, um aluno aplicado e muito sagaz.
O único ponto negativo da entrevista é a obsessão pela “paz política”, o oposto da essência da democracia que é o regime dos conflitos. Foi em nome dessa bandeira que se formou uma coalizão partidária com adversários históricos em Pernambuco. Ela pode até ser boa para o interesse imediato do candidato, mas a história política do nosso Estado tem outra característica. Aqui sempre foram travadas batalhas políticas em torno de ideias, e se agora não for assim será quase um retrocesso.
A busca obsessiva pela unanimidade em torno do candidato do PSB também é um equívoco. Vá lá que seu projeto político priorize a bandeira da “gestão pública”, porque toda cidade que se preza gostaria de eleger um bom gestor. Mas o discurso da gestão não pode ser um fim em si mesmo. Ele tem que estar associado a um projeto político, sob pena de virar um pensamento burocrático. Afinal, não haverá concurso público para a escolha do melhor gestor, e sim uma eleição para prefeito
Alvo 1 - Por sua movimentação política aspirando à presidência da República em 2014, Eduardo Campos já coleciona dois poderosos adversários no PT: o presidente nacional do partido, Rui Falcão, e o ex-ministro José Dirceu. Ambos vigiam os seus passos 24 horas por dia.
Alvo 2 - Rui Falcão já teve oportunidade de declarar que o governador de Pernambuco tenta se afirmar politicamente no Nordeste, rompendo a histórica aliança do PSB com o PT no Recife e em Fortaleza. Nessas duas capitais, o PSB lançou candidato próprio para enfrentar petistas.
Inaldo Sampaio