Ivson Menezes
Folha-PE
“Cada um de nós seremos um fiscal para coibir aqueles que forem trabalhar ou para informar aos desavisados. Estaremos visitando as garagens para mobilizar toda a categoria”. Foram estas as últimas palavras do presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário, Patrício Magalhães, após duas horas de passeata pela área central do Recife. A mobilização ocorrida no início da noite de ontem teve como objetivo repassar para a população a decisão de parar, por 24 horas, os ônibus da Região Metropolitana do Recife (RMR). A paralisação iniciou a 0h de hoje vai até a meia-noite.
Mais cedo, representantes do sindicato estiveram reunidos com os donos das empresas de ônibus da Região Metropolitana do Recife (RMR) na sede da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, localizada na avenida Agamenon Magalhães. O terceiro encontro foi mediado mais uma vez por representantes do órgão federal e discutiu a pauta de reivindicações dos rodoviários, que possui mais de 100 pontos. Entre eles, as cláusulas sociais já foram aprovadas, como, por exemplo, a permanência da carteirinha de livre acesso para os rodoviários. No entanto, o impasse continua em relação ao reajuste salarial.
Utilizando um carro de som como apoio, vários motoristas, fiscais e cobradores iniciaram a caminhada em direção à avenida Guararapes, no Centro da Cidade. Parte da avenida Agamenon Magalhães, um dos principais corredores viários do Recife, ficou congestionado no sentindo Olinda-Recife. Quando o movimento chegou na avenida Conde da Boa Vista, os motoristas dos coletivos que passavam na via pararam os veículos para mostrar adesão à própria classe. Os manifestantes aproveitaram para mobilizar os colegas e avisar aos passageiros. “Precisamos mostrar nosso valor e a importância da nossa categoria”, afirmou o motorista Erivan Silva, 38, que exerce a função há cinco anos.
Ainda de acordo com Patrício Magalhães, a paralisação de advertência foi a resposta da categoria em virtude da proposta dos patrões. “A principal questão está no valor do salário e nos percentuais. A gente pediu quase 30%, incluindo o tíquete alimentação, mas o patronal ofereceu um percentual de, apenas, 4,5%. E este valor foi rejeitado”. Atualmente, os salários de motorista, cobrador e fiscal são, respectivamente, R$ 1.395, R$ 643, R$ 903, conforme o sindicato. Em cima destes valores está incluído, em todos eles, o acréscimo do tíquete alimentação, de R$ 140.
Estes vencimentos passaram a valer em 1º de julho de 2011, quando a categoria também parou por 24 horas, conseguindo 9% de reajuste.
Está marcada para às 14h de amanhã uma nova assembleia da categoria, outra vez em frente à Superintendência do Trabalho e Emprego, para avaliar o resultado da paralisação e novos rumos do movimento. Enquanto isso, o órgão federal deverá marcar uma nova rodada de negociação entre as partes. Ao todo, são 20 mil trabalhadores registrados no Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário.