Eduardo Isola o PT e, Jarbas, o DEM

Antônio Assis
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No espaço de apenas 15 dias, a política pernambucana virou pelo avesso. Quem imaginaria, por exemplo, que no período de duas semanas ocorreria essa sucessão de fatos que irá mexer não apenas com a política local, mas também nacional: o afastamento do governador Eduardo Campos do ex-presidente Lula e sua reaproximação política e pessoal com o senador Jarbas Vasconcelos, que vive isolado no PMDB e é um dos maiores críticos do PT e da presidente Dilma Rousseff?

Tudo começou com a decisão do deputado João Paulo de não apoiar a reeleição do prefeito João da Costa, embora sejam do mesmo partido. A disposição inicial do governador era apoiar o candidato do PT à prefeitura da capital, qualquer que fosse ele, em nome de sua relação pessoal e política com Lula e a presidente Dilma Rousseff. No entanto, como o PT não se reunificou em torno da candidatura de Humberto Costa, ele usou isto como pretexto e lançou Geraldo Júlio pelo PSB.

A candidatura do ex-secretário isolou o PT, agora obrigado a lançar uma chapa “puro sangue” por não ter conseguido celebrar nenhuma aliança. Esse fato por si só já é relevante porque teremos no Recife Eduardo Campos num palanque e o ex-presidente Lula noutro. Como corolário, o senador Jarbas Vasconcelos decidiu apoiar Geraldo Júlio, isolando na oposição o deputado Mendonça Filho, que foi seu vice-governador e com quem tinha uma aliança que parecia inquebrantável.

O acerto - Antes de retirar-se da disputa pela prefeitura do Recife, o deputado Raul Henry (PMDB) teve pelo menos dois encontros reservados com o governador Eduardo Cam­p­os. Não lhe foi prometida a vaga de vice na chapa de Geraldo Júlio (PSB). Mas, convidado, aceitará.

Os contras - Raul Henry recebeu delegação de Jarbas Vasconcelos para negociar o apoio do PMDB à candidatura de Geraldo Júlio. Ele consultou o núcleo “jarbista” e apenas os ex-secretários José Arlindo e Cláudio Marinho, além do presidente Dorany Sam­paio, foram contra.

Sem espaço - Quin­ta-feira passada, o prefeito João da Costa conversou cerca de 1 hora, a sós, com o governador Eduardo Campos sobre a sucessão no Recife. Ele poderia fazer uma “aliança branca” com o PSB, para apoiar Geraldo Júlio. Mas depois que foi duramente atacado por Raul Henry, na nota que o PMDB divulgou ontem, essa possibilidade ficou mais difícil de ocorrer.

O futuro - João da Costa vai se reunir hoje ou amanhã com sua “tropa de choque” para decidir o que fazer na eleição do Recife. Já que a executiva e o diretório nacionais do PT decidiram que ele não serve para ser candidato, certamente não irão querer o apoio dele para o senador Humberto Costa. Hoje, a inclinação do prefeito é cuidar da gestão e manter-se longe da disputa.

Inaldo Sampaio

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