Seca Invade o Agreste

Antônio Assis
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Renata Coutinho
Folha-Pe

O verde deu lugar ao cinza num cenário de tristeza na região Agreste de Pernambuco, que sofre a pior seca dos últimos 20 anos. A falta de chuva, comum sobretudo no Sertão do Estado, arrasou, este ano, a produção agrícola de várias cidades agrestinas, prejudicou a criação de gado e está levando caos à população, que em muitas das cidades sobrevive com 80 litros de água por semana.

Até a última sexta-feira, nove cidades do Agreste decretaram situação de emergência: Águas Belas, Garanhuns, Itaíba, Jurema, Poção, Taquaritinga do Norte, Terezinha, Vertentes e Alagoinha. Esta última, que tem uma população de pouco mais de 13 mil habitantes, é onde pode ser observada a situação mais crítica. 

“Temos em Alagoinha 120 cisternas que são abastecidas por caminhões-pipa do Exército, mas faz mais de um mês que eles não vêm. A justificativa dada é a falta dos recursos do Governo Federal”, contou o secretário de Agricultura de Alagoinha, Antônio Assis, explicando ainda que a maior parte desses reservatórios está vazia.

Ainda segundo o gestor, a cidade vem sendo abastecida com seis carros-pipa da Prefeitura e sete do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). “Como aqui não temos mananciais, temos que ir pegar a água na cidade de Pesqueira para trazer para cá. Apesar de todo o esforço, não está dando para a população, nem do centro, nem da Zona Rural. A seca tem atingido todos os setores, mas a prioridade é o consumo familiar para a subsistência”, frisou Assis.

O trânsito de caminhões transportando água por toda a cidade mostra a dimensão do problema. Outro fato que chamou a atenção foi o número de carroceiros vendendo água. Antônio Alves, 69, é um deles. “É muita gente pedindo água o dia todo. Chego a dar de oito a dez viagens no dia para atender o povo. Todo mundo doido por água”, disse. O idoso vende o tonel com 40 litros por R$ 6 - há vendedores que cobram mais.

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