Ao completar cinco anos de fundação – brigando para sobreviver às sucessivas perdas de quadros que o deixaram bem menor que quando existia como PFL – o Democratas se prepara para disputar o tudo ou nada. Para o partido, a eleição municipal de outubro é vista como uma derradeira chance de recuperação. Enquanto isso, o inferno astral do DEM ganhou mais combustível nas últimas semanas, com as denúncias contra o senador Demóstenes Torres (GO), acusado de envolvimento com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, Carlinhos Cachoeira.
Refundado em 28 de março de 2007, o Democratas contabilizava, em 2006 – ainda como PFL – a maior bancada no Senado, com 18 integrantes. Hoje, com apenas cinco, se viu privado de mais um quadro com a desfiliação de Demóstenes. O partido tem raízes fincadas no período do regime militar, quando a imposição do sistema bipartidário levou à criação da Arena (veja quadro nesta página). Desde então, a legenda sofreu mutações para se adaptar ao cenário político, mas sempre se colocando entre as maiores do País.
Em 1982, já como PDS, chegou ao governo de 12 Estados. Em 1986, estreando nas urnas como PFL, um tropeço diante da força política do Plano Cruzado impôs uma séria derrota diante do PMDB, que elegeu 22 governadores. Mas em 1990, os pefelistas saíram majoritários das urnas em oito Estados, contra sete dos peemedebistas.
A partir daí, a situação foi se agravando. Em 2006, no último pleito disputado como PFL, conquistou apenas o governo do Distrito Federal. Em 2010, já repaginado como Democratas, foram apenas dois Estados: Rio Grande do Norte e Santa Catarina. Um ano depois, viria o golpe final: o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, deixou o partido para fundar o PSD, levando consigo o governador Raimundo Colombo (SC). Deixou no DEM apenas uma governadora, Rosalba Ciarlini (RN). Dos 43 deputados federais eleitos pelo partido em 2010, apenas 27 sobreviveram às investidas de Kassab.
Um dos mais dramáticos sinais de alerta foi interceptado pelos caciques da legenda no final do ano passado, quando um dos principais artífices da mudança do PFL para DEM, o ex-senador Jorge Bornhausen – que presidiu nacionalmente o PFL por vários anos – uniu-se à revoada para o PSD.