2012: O Que Se Diz e o Que Se Faz Antes do Carnaval

Antônio Assis
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Por Luciano Siqueira*

Dito e feito – essa expressão popular tão comum, destinada a elogiar a coerência entre a palavra e a prática, não cabe bem na atual fase que antecede as démarches entre os partidos, tendo em vista o pleito de outubro. Até o Carnaval, muito pode ser dito, nem sempre na intenção ou na possibilidade de fazer. Não é possível, nem aos mais açodados, antecipar decisões que ainda carecem do cenário próprio para tanto. Há muitas variáveis que ainda não se fizeram plenamente presentes. O desempenho da economia é uma delas – um fenômeno de alcance nacional que haverá de se refletir nos ambientes sociais e políticos municipais, mormente nas cidades médias e grandes.
Outra variável – que premia a dialética – é determinada pelas inter-relações entre situações aparentemente dispares, porém assemelhadas em razão de projetos partidários que se cruzam, unindo ou dispersando forças. Não dá, por exemplo, para tratar o pleito na capital dissociado de umas duas dezenas de situações outras, na Região Metropolitana e no interior, que embora tenham suas especificidades se influenciam mutuamente através de interfaces entre pretensões de partidos aliados.
Nessas circunstâncias, a análise minuciosa das múltiplas manifestações públicas, aqui e alhures, acerca de candidaturas e alianças, haveria de separar o dito que pode ser feito do dito que não encontra respaldo na realidade concreta. Todos os desejos são legítimos, isso ninguém há de negar; mas a realidade impõe limites que contrariam alguns dos melhores desejos. Demais, no mínimo há dois campos de forças em cada município. Antagônicas e mesmo que inicialmente assimétricas, pendendo em demasia para um dos lados, o jogo termina endurecendo sob o impulso da inevitável polarização.
Em tese, nenhuma uma eleição municipal é fácil. Todas ganham a conformação de decisivas – e são, sob a ótica das correntes políticas que efetivamente visam acumular forças agora para chegarem robustas nas eleições gerais de 2014. Nesse jogo, paciência, bom senso e astúcia costumam favorecer quem as exercita, muitas vezes mudando o quadro da disputa, em desfavorecimento de alguns inicialmente fortes que, por inabilidade ou incompetência, fazem água ao fim da peleja. Por isso, nada melhor do que aproximação do Carnaval. Aí, sob os auspícios de Momo e a proteção de fantasias e máscaras, a decantação geral é feita e, após Cinzas, todos estarão purificados para o verdadeiro jogo em marcha para as convecções – onde, afinal, nomes e alianças serão consagrados.

*Luciano Siqueira é deputado estadual pelo PCdoB e ex-prefeito do Recife

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