Blog do Jamildo
O pescador recifense Geovane de Sá Barreto, que ganhou notoriedade, aparecendo até no Jornal Nacional, depois que o nome de sua empresa Geovane Pescados apareceu como uma das duas compradoras do jato que caiu e matou Eduardo Campos, em Santos, São Paulo, em agosto de 2014, disse a Polícia Federal e ao Ministério Público ter sido enganado. Além da Geovane Pescados, a CRM Material de Construção também comprou o jatinho, pelo menos no papel.
No dia 21 de junho, dia da deflagração da Operação Turbulência, os policiais federais levaram à prisão quatro empresários em Pernambuco, apontados como líderes de um esquema criminoso descoberto quando as autoridades tentavam investigar quais seriam os verdadeiros donos do jatinho que transportava o ex-governador Eduardo Campos (PSB) durante a campanha presidencial de 2014.
Quatro empresários foram presos preventivamente naquela manhã, dos quais apenas um, João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, afirmou ter comprado o avião. Também foram presos Eduardo Freire Bezerra Leite, Apolo Santana Vieira, Arthur Roberto Lapa Rosal. Um quinto empresário, Paulo César de Barros Morato, teve mandado de prisão decretado e estava foragido, depois apareceu morto em um motel em Olinda.
No entanto, no mesmo dia da operação da PF, o pescador estava em alto mar, de acordo com a PF, não tendo sido localizado. A Justiça expediu contra Geovane um mandado de condução coercitiva, para que ele prestasse depoimento à PF.
Esse depoimento já foi realizado e Geovane de Sá Barreto disse às autoridades policiais que sequer sabia ser titular de uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI).
Trata-se de um modelo de pessoas jurídicas moderno, de lei de 2011, onde uma empresa é constituída de uma só pessoas física titular de todo capital, sendo adequada para as micro e pequenas empresas.
Na avaliação das autoridades, assim, tudo isto distanciava Giovane Barreto, no mundo real, do perfil para atuar nos vultosos movimentos financeiros detectados pela COAF, bem assim da participação da compra de um avião Cessna, como o citado no caso. No papel, pelo menos, a compra teria custado R$ 1,7 milhão, pago por meio de 16 depósitos bancários.
“O negócio estava a cargo de pessoas que não comprovaram estofo econômico para tanto, dentre essas o modesto pescador Geovane de Sá Barreto”, descrevem as autoridades, no processo em questão.
Na semana passada, a familia do pescador já havia confirmado informalmente que o pai depôs na polícia.
O pescador e a família moram em uma residência simples, no bairro da Imbiribeira. O endereço da susposta empresa é o mesmo da residência do pescador, na Rua Doutor Valdir Pessoa, nº 89, no bairro da Imbiribeira.