Tatiana Notaro
Folha-PE
Às margens da BR-101, a terraplanagem da área que receberá as novas plantas da Unilever no município de Escada já está nos instantes finais. O secretário de Desenvolvimento Econômico local, José Alves, ex-prefeito de três mandatos, aponta para o terreno que receberá a produção de alimentos, de materiais de limpeza e o Centro de Distribuição (CD) da multinacional. Alves conta que, em reunião com a Agência de Desenvolvimento de Pernambuco (AD Diper), na última semana, foi em busca de mais celeridade para o início das obras das outras duas grandes empresas que escolheram Escada como sede. A Alphatec, de torres eólicas, que já “namora” o município há cinco anos; e a Red Star, portuguesa fabricante de tintas e vernizes, que deve finalmente começar as obras civis em 4 de janeiro próximo. Com outras representantes, elas preencherão dois distritos industriais no município.

O fato é que os distritos de Escada são mistos, como se vê, mas há uma predileção pelo setor agroindustrial. “Alimentos”, simplifica o secretário. O objetivo é inserir os cerca de 600 produtores locais nesses negócios maiores. Além da área de 73,6 hectares que será ocupada pela Unilever, os 120 e poucos hectares do distrito devem abrigar indústrias fornecedoras da multinacional. Alves faz mistério. “Não vai ficar só ela (na Unilever), serão várias empresas, mas ainda não temos informações precisas. A Unilever trabalha muito com a confidencialidade”, tergiversa. As futuras plantas reforçarão as que já estão em atividade para inclusão de 600 produtores rurais no fornecimento de insumos. “O gerente de Suprimentos está vindo em janeiro e veremos como trabalhar essa parceria”. A iniciativa do município inclui o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), com a Secretaria de Agricultura Familiar do município e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Política de isenção fiscal prevaleceu
Para se instalar em Escada, a Unilever recebeu doação do terreno, desapropriado pelo Estado, e isenção total do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) por cinco anos (prorrogáveis por mais cinco) e redução da alíquota do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) de 5% para 2%. Sobre essa renúncia fiscal, o secretário de Desenvolvimento Econômico do município, José Alves, diz que haverá compensação, com a geração de emprego e renda. “Não sei dizer de quanto é esse IPTU. É 1% do valor do imóvel, então depende do volume da obra”, disse. A área era rural e passou a ser de expansão industrial, por isso a prefeitura de Escada também deixa de arrecadar o Imposto Territorial Rural (ITR).
Há cerca de dois anos, Escada perdeu a fábrica da Soprano, que trocou Pernambuco pelo Mato Grosso do Sul, “que ofereceu melhores condições”, segundo o secretário. “A Soprano foi âncora do nosso distrito industrial, e ficou lá o espaço, que a prefeitura cedeu para a Eplast, que é uma fábrica de telhas de PVC, e para a Tigre”, detalha. O investimento da Unilever, como anunciado na assinatura do protocolo de intenção, é de R$ 600 milhões. A empresa também é contemplada pelo Programa de Desenvolvimento de Pernambuco (Prodepe), com isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) presumido de 85%.
PLANO DIRETOR
Segundo José Alves, está pronto e em funcionamento o novo plano diretor de Escada, feito pelo município em parceria com o Governo do Estado. “Com o estudo temos os instrumentos necessários para organização urbana e também para organização industrial e agrícola. A área de controle urbano tem instalações físicas e capacitação de servidores e houve contratação de engenheiros para que com o plano diretor, a gente pudesse realizar o melhoramento da qualidade de vida dos munícipes”. Alves destacou também a criação de um grupo de trabalho com foco no desenvolvimento econômico da cidade.