Em Porto de Galinhas, há focos de esquitossomose, e pessoas podem contrair verme até mesmo nas poças encontradas nas ruas. Foto: Divulgação
JC Online
Final de semana, feriadão, verão. Tudo tem a ver com praia, como a de Porto de Galinhas, no município de Ipojuca, principal destino turístico de Pernambuco. Para uns, um verdadeiro paraíso. Para outros, nem tanto. Para a pesquisadora Elaine Cristhine de Souza Gomes, da Fiocruz, aquele pedaço do Litoral Sul do Estado é o que ela chama de “Turismo de Risco”. Pelo menos, esse é o nome da publicação que acaba de fazer na revista científica Patologia Tropical, na qual mostra como a esquitossomose expandiu-se naquela região, ao ponto de ameaçar a saúde de moradores e turistas. Ela investigou a área conhecida como Merepe 3, onde ficam 37 pousadas. E chegou a uma conclusão curiosa: em um raio que vai de cem a 300 metros de distância, o percentual de pousadas que ficam perto dos focos de contaminação varia de 24 por cento (até cem metros de distância) a 70 por cento (as que ficam a 300 metros).

Em 2013, pesquisadores voltaram a Porto de Galinhas, só para coletar caramujos vetores da verminose. Cataram 425 (em apenas quinze minutos). E 76 por cento deles estavam positivos para a transmissão da esquitossomose. “É um índice muito alto, quase 20 por cento”, acusa. “Enquanto necessárias mudanças ambientais e sanitárias não acontecem, gestores municipais têm obrigação de alertarem sobre doenças locais, para que turistas sejam orientados para práticas preventivas”, diz. Para a pesquisadora, que é epidemiologista, a verminose, que antes era rural está se urbanizando em Pernambuco. Ela informa que além de Porto de Galinhas, em Ipojuca, outros municípios do Litoral Sul possuem focos de transmissão: Tamandaré, São José da Coroa Grande, Jaboatão dos Guararapes. No Litoral Norte: Itamaracá, Olinda, Paulista, Igarassu e Goiana. No Recife, há registro da infecção no Açude de Apipucos.