Reforma Política: qual deputado federal pernambucano pensa igual a você?

Antônio Assis
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Sávio Gabriel
Diário de Pernambuco


Em meio a um cenário de forte crise política no país, o debate sobre a necessidade de uma profunda mudança no sistema político e eleitoral vem ganhando cada vez mais espaço. A importância é tanta que a reforma transcendeu as discussões entre os que apoiam e os que são contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), tornando-se uma reivindicação conjunta de toda a sociedade brasileira. O projeto deve ser votado em maio. Em entrevista feita pelo Diario, a maioria dos deputados da bancada pernambucana na Câmara Federal mostra um certo conservadorismo no que diz respeito a alguns dos pontos. Exemplo disso é o apoio majoritário à  manutenção da forma atual de financiamento de campanha e à defesa pelo referendo em lugar de um plebiscito na votação da proposta.


Algumas temáticas geraram maior divergências entre os parlamentares, como o financiamento das campanhas eleitorais. Outras, levaram dúvidas aos deputados. Mas, em linhas gerais, eles dão sinais de que defendem os próprios interesses políticos e partidários.


“A bancada pernambucana está espelhando seus interesses, defendendo suas plataformas. É natural do jogo político que haja uma harmonia em alguns pontos e uma heterogeneidade em outros”, afirmou o professor da Universidade Católica de Pernambuco Thales Castro. Ele ressalta, por exemplo, que ao ser em sua maioria favorável ao referendo, a bancada reflete o atual conflito que existe entre o Legislativo e o Executivo (o governo sugere plebiscito).


O também cientista político Elton Gomes concorda com Thales. Cita como exemplo o fim da reeleição para o Poder Executivo, amplamente apoiado pela bancada. “Os deputados acham que seria mais fácil para eles se elegerem ou se reelegerem se os governadores, prefeitos e presidente não fossem figuras tão fortes no atual modelo político, centralizado no Executivo”, diz. Ele acrescentou que o parlamento tem grande importância na elaboração de leis, mas a população associa as mudanças sociais aos chefes do Executivo, não ao poder Legislativo.


Gomes se mostrou surpreso com o posicionamento não favorável da bancada ao fim do voto obrigatório, o que iria de encontro ao pensamento da sociedade. “O que eles temem é que, num processo eleitoral facultativo, haja uma baixa no comparecimento às urnas para escolher os membros do Legislativo”, afirmou, acrescentando que o perfil do eleitorado também mudaria.


Na avaliação de Thales, o fim do voto obrigatório poderia causar um problema de legitimidade dos mandatos. “Imagine que apenas 40% da população compareça às urnas para escolher os representantes. Os deputados eleitos poderiam ser questionados, com o argumento de que eles não espelham verdadeiramente o clamor da população”.



Dos 25 deputados federais procurados, cinco não deram retorno: Adalberto Cavalcanti e Ricardo Teobaldo, ambos do PTB; Pastor Eurico (PSB); Wolney Queiroz (PDT); e Eduardo da Fonte (PP). O Diario enviou questionário para as respectivas assessorias de imprensa e equipes de gabinete via e-mail e solicitou diversas vezes o posicionamento dos parlamentares, não obtendo retorno até o fechamento desta edição.

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