Cláudio passou uma semana sem acesso às redes sociais como sacrifício. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A.Press
Raphael Guerra
Diário de Pernambuco
Cláudio aderiu às penitências há quatro anos. Ele faz parte da Comunidade dos Viventes - associação formada por católicos leigos de várias faixas etárias. Nela, grupos se dividem e decidem quais metas devem cumprir ao longo dos 40 dias. “Já fiquei uma semana só bebendo água nas refeições, outra fazendo silêncio diário de 30 minutos e uma sem ligar a TV, por exemplo. É difícil, mas conseguimos cumprir o objetivo”, contou o recifense.
A universitária Laura Cássia Freitas, 26, está sem ingerir refrigerantes desde a quarta-feira de cinzas. Nas sextas-feiras também não come uma das três refeições principais. Em outros anos, ela já deixou de comer pão ou chocolate - o que considerou mais difícil. “Para mim, a penitência é deixar de fazer algo que vá fazer diferença na sua rotina. Passei a fazer esses sacrifícios após entender mais o significado da fé”, disse.
Pároco do templo de Nossa Senhora da Piedade, Francisco Caetano explicou que a Quaresma remete ao período em que Jesus se retirou para o deserto e passou 40 dias de jejum até a ressurreição. Por conta disso, a Igreja Católica pede que os fiéis também façam esforços. “A penitência foi criada para que as pessoas renunciem de algo que é desnecessário, algo que as converta e as faça crescer mais”, pontuou.
A “modernização” dos sacrifícios religiosos tem sido vista com naturalidade pela Arquidiocese de Olinda e Recife. Nas igrejas por onde já passou, padre Caetano pediu “jejuns” considerados inusitados, mas cumpridos pelos fiéis. Entre eles, a abstinência de novelas ou de passeios ao shopping durante os 40 dias. “É preciso se atualizar nas penitências escolhidas”, disse, ao lembrar que a autoflagelação, por exemplo, era uma prática da Idade Média, que não é mais seguida pelos fiéis.